José Luiz
A Lição do Ipê
Estava eu, em minhas idas e vindas de Aparecida de Minas, observando as árvores queimadas na beira da estrada. Uma visão hostil de troncos enegrecidos pelo fogo e fumaça, grama queimada e muita desolação. De repente, eis que vejo um frondoso ipê amarelo todo florido destacando-se em meio à tristeza do ambiente. Diminuí a velocidade para observar melhor. Os cachos de flores pareciam até serem maiores e com um amarelo mais intenso do que o normalmente encontrado. O tronco estava todo escuro, todo marcado pelo fogo, mas as flores estavam lá, mais belas que nunca.
Ao ver aquela paisagem, uma árvore com flores no meio da queimada, comemorei. Vibrei como se tivesse visto um lance genial de um craque de futebol. Na verdade, aquele era mais um grande tento do Criador. Uma forma singela de dar um recado todo especial aos pessimistas, aos descrentes, aos céticos. Acertou no ângulo, com uma pontaria certeira, derrubou a coruja estacionada no topo da trave.
Podem tentar queimar o seu tronco, arrancar suas folhas, podar os seus galhos, mas se tiver que vir à tona a beleza das flores não há força no mundo capaz de impedir. O poder destrutivo do fogo pode aqui ser comparado às ações maledicentes dos que não conseguem produzir flores e tentam impedir a sua vinda de qualquer maneira, tentando diminuí-lo em seus sonhos, derrotá-lo em suas fraquezas. O ipê nos deixa o exemplo de quem tem a capacidade de utilizar destas tentativas vãs e transformá-las em meios de prosseguir, de conquistar forças, de suplantar as dificuldades. O fogo produziu para ele o adubo, e talvez até o calor tenha acelerado e potencializado a chegada das flores (os biólogos poderiam explicar melhor). Muitos de nós, ao primeiro calorzinho que sentimos nos pés, apavoramo-nos e desistimos de seguir o caminho.
“Não vem que não tem.” Assim, o ipê se posicionou diante das condições adversas que lhe foram impostas. Com firmeza, assumiu a postura de quem está predestinado a vencer e tem consciência de seu potencial. Tinha uma missão a cumprir, um rumo a seguir, acreditou em si e foi adiante. Obrigado, natureza, por mais esta admirável lição!
É isso aí!
1 comentários:
saudades desta linda árvore... aqui não as vejo, obrigada por me consentir entender cada dia mais a beleza e o quanto nos ensina a natureza!
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