ESPERANÇA

17:08 José Luiz 0 Comments




A palavra esperança vem do latim sperare, que, por sua vez, trata-se de uma crença emocional, uma confiança na possibilidade de resultados positivos relacionados com eventos e circunstâncias da vida da pessoa. Ter esperança é não se entregar ao desespero (o contrário da esperança). Esperança é a pomada que faz curar, é o que traz o alivio e a chance do renascimento, da chegada tão sonhada de algo que há de vir, da estreia do que há de ser melhor.

A esperança traz-nos a certeza de que depois da tempestade virá a bonança. Quando a noite está mais escura é porque está perto do sol voltar fulgurante, dando seu lindo espetáculo diário. Já disse o sábio que ninguém pode voltar atrás e fazer um novo começo, mas qualquer um pode recomeçar e fazer um novo fim. Assim, há que vencer a fé, a esperança e o amor. Por isso, gosto de dizer que vivo a espera do jardineiro. O jardineiro sonha os mais belos jardins à noite, para, depois do dia amanhecer, tocar a terra, fazer parceria com a natureza e plantar, plantar, plantar; cuidar, cuidar, cuidar. O jardineiro não faz somente plantar. Enquanto espera, ele prepara a terra, escolhe as sementes, rega as plantas, cuida para que as flores vicejem.
Quando se perde a esperança, entrega-se a vida ao caminho da morte, antes do combinado, distante do tempo certo, da hora que ela, a indesejada das gentes, inevitavelmente, haverá de chegar. Antecipamos sua chegada e morremos antes do tempo, sem ter mesmo cerrados os cílios literalmente. Morremos aos poucos, ao viver nos entregando às aflições, sem a reação devida, e deixando esvair, fugir, nossas forças por entre as mãos. É bom ter esperança sem estacionar na vida e deixar o comodismo assumir os seus dias. Quem tem esperança é capaz de se reinventar, mudar o trajeto, adaptar-se às novas circunstâncias. 

Tem hora que bate o desespero, o medo, uma sensação de que nada dá certo. A esperança, como irmã da fé, diz que tem jeito e que enquanto ainda respiramos é porque há tanta coisa para ser feita; que o fim ainda está longe, que a história ainda tem capítulos a serem escritos. O autor sou eu, é você, é cada um de nós. A esperança manda dizer ainda que, por mais que tenhamos pedras no caminho, elas, assim como nós, filhos da terra, temos grande valor. Ouso converter a poesia de Mario Quintana em prosa. Ele, poeta gaúcho, que morreu pobre, mas enriqueceu o mundo com sua arte, disse que lá no alto de um prédio vive uma louca, já madura, que acredita que quando vem os barulhos do mundo, as sirenes, as buzinas chegam no fim do 12º andar do ano, ela tem de pular num lindo voo. Estatela-se no chão, no asfalto quente. As pessoas a cercam, mas, por espanto, encontram uma linda figura inteira e de olhos verdes. Incólume, irretocável, bela. E as pessoas, curiosas, perguntam: qual seu nome, menina linda?  Ela diz bem devagar, quase sussurrando:  o meu nome é esperança.

É isso aí!

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