MEU PRIMO

16:30 José Luiz 0 Comments


Ele mora longe. Sempre que pode quer estar junto dos primos e tios. É meu primo por tabela. É sangue de minha esposa. Mas, guardo-o na lista dos meus mais chegados. No dia em que veio, logo foi lá em casa. Ele chegou escorado num costumeiro sorriso espontâneo, num aceno singelo, deu-me um abraço sem malícias, proferiu palavras sem aspereza. Aquele anjo-menino, já passando dos trinta, havia um tempo que não o encontrava. A singeleza do olhar miúdo, oriental, permanecia inalterada. Disse a mim que estava com saudade. A pureza daquele gesto fez carinho na minha alma.

Lembrei-me dele nesta semana, inspirado pelo Dia Internacional da Síndrome de Down. Esse dia não existe por obra do acaso. O “21/03” foi definido, de forma bastante oportuna e inteligente, porque a Síndrome de Down é uma alteração genética no cromossomo 21, que deve ser formado por um par. No caso das pessoas com a síndrome, aparece com 3 exemplares.

Por vezes, esses eternos seres abençoados e que abençoam suas famílias, são classificados como intelectualmente desprivilegiados. Na verdade, são excepcionais mestres na arte de amar, sem interesses, sem presunções. São providos de legítimo altruísmo, sem o desejo de serem glorificados, sem a espera por títulos, aplausos e honrarias. São bons porque ser bom é parte de sua natureza. Tão simples, tão óbvio, tão natural.

Pessoas assim fazem parte de uma categoria seleta da raça humana, estão em um estágio superior onde muitos almejam alcançar. Atingiram este patamar da forma mais ingênua, sem nenhum esforço. Assim já o são. Choram sem medo de serem taxados de emocionalmente imaturos, sorriem sem receio de serem rotulados risonhos pueris. Estão acima das tolas vaidades humanas. São eles próprios em qualquer canto, orbitam assim em qualquer estação social. Não importa se vivem em lares abastados ou simples casebres, o negócio desta gente linda é esparramar alegria por onde passa, irradiar o amor na mais doce essência.

Dou graças pela existência de seres tão nobres, que vivem sem pretensões maiores, e, por isso mesmo, são gigantes na ciência do viver. Querem simplesmente ser o que são e abastecem o mundo de altas doses de bondade genuína. Meu primo amado, obrigado por me conceder um pouco de seu afeto tão puro.

É isso aí!

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