José Luiz

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CHORO E SILÊNCIO

Tem hora que o silêncio fala por nós. A boca não consegue sequer abrir para falar algo. Quando as palavras faltam é porque o ar já está repleto de todas as espécies de vocábulos, invisíveis, mas tangíveis. Entre o silêncio e o grito, prefira sempre a voz suave do calar. Quando alguém soltar impropérios aos brados, é melhor deixar prevalecer a reverberação do som de quem se exalta demais. O seu próprio barulho vai tilintar em seus ouvidos, produzindo um eco estranho, que faz refletir.

A voz nos falta quando recebemos, de impacto, alguma notícia formidável, algum relato que nos surpreende de fato. Ou, então, quando uma coisa muito triste vem nos abater. Como agir num momento assim? Melhor esperar, deixar vir à tona as lágrimas que tiverem de cair, ou esperar para passar o espanto. Outro dia fui acometido por algo parecido. Perdão por não poder contar aqui para vocês. A história é longa. Foi notícia boa, creiam. Neste incrível instante, surge uma mistura de êxtase com ânsia de choro, e muitas vezes vem o choro seco, aquele que não sai, mas explode por dentro.

Um filho que nasce, outro que passa no vestibular, um familiar amado que vai embora, um acidente trágico que apavora, uma nova oportunidade que aparece. São fatos e feitos assim que marcam nossas vidas, delimitam-nas, demarcam feito divisas fronteiriças de uma existência. Até aqui, até ali, a teia da história vai se tecendo e nosso mundo se refazendo o tempo todo. Nunca somos os mesmos. O rio que tomamos banho ontem já não mais é o mesmo, as águas mudaram. Essas emoções manifestas mudamente mudam a mente, enchem de sentido a vida. Fazendo uso do batido jargão capitalista, diria que agregam valor. Vivamos com a intensidade devida estes instantes, permitindo que interfira positivamente em nosso processo de crescimento e impedindo que nos faça estacionar na caminhada.

É isso aí!