A EFEMERIDADE DA VIDA

15:46 Professor José Luiz 0 Comments


 (Na foto, meu tio e meu pai que já se foram...)

Vivemos como se fôssemos imortais. Corremos, acumulamos, planejamos, adiamos, como se o tempo fosse um rio que jamais secasse, esquecendo da efemeridade da vida. Mas ele escorre, silencioso, entre os dedos, levando consigo instantes que jamais retornarão. E nós, distraídos em nossa ânsia pelo amanhã, mal percebemos que o hoje já se esvaiu, como areia na ampulheta do destino. 

A finitude é a única certeza que carregamos desde o primeiro suspiro. E, no entanto, agimos como se fôssemos eternos. Construímos impérios de concreto, amealhamos riquezas, colecionamos títulos, como se pudéssemos levá-los conosco quando a "indesejada das gentes" bater à nossa porta. Mas ela virá. Sem aviso, sem clemência, sem negociar. E então, o que restará? 

É certo que morremos a cada dia, especialmente quando o tempo voraz consome nossos anos sem piedade, quando os cabelos perdem sua melanina e se apressam em pratear. Mas, acima de tudo, sabemos que, enquanto a vida não conclui sua obra, devemos deixar a morte no canto que lhe cabe, bem distante, porque ainda há chão sob nossos pés, e por ele vale o esforço de seguir. O comboio deve avançar até seu destino. 

Afinal, não se trata de ignorar a morte, mas de não permitir que seu espectro roube o brilho do agora. Enquanto há sol, que se caminhe. Enquanto há voz, que se cante. Enquanto há mãos, que se construa. A vida não espera, e nós tampouco devemos esperar por ela. 

O que importa, no fim, não é quanto tempo nos foi dado, mas o que fizemos com ele. E isso, só nós podemos decidir, enquanto o relógio ainda corre.

Não serão os muros que erguemos, nem os bens que acumulamos, mas as sementes que plantamos. O amor que doamos, a sabedoria que compartilhamos, a bondade que espalhamos como um perfume que permanece mesmo depois que a flor seca. Essas são as verdadeiras obras que nos eternizam. 

A vida é um espetáculo único. Não há ensaio, não há segunda chance. Cada ato, cada gesto, cada palavra é irrepetível. Por isso, não basta apenas viver, é preciso viver com capricho, com entrega, com a alma aberta ao milagre de existir. Não há tempo para mediocridades, para rancores estéreis, para vaidades vazias. 

A morte não é o oposto da vida, mas parte dela. E é justamente por sabermos que um dia partiremos que a existência ganha seu verdadeiro valor. Portanto, não tema o fim. Tema, sim, não ter vivido de verdade. Plante amor, cultive a justiça, regue a esperança. Essas são as únicas construções que resistem ao tempo. 

No fim, não seremos lembrados por quanto durou nossa jornada, mas por quanto ela significou. E isso, caro leitor, está em nossas mãos. Viva enquanto ainda há tempo.


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