SIMPLES

15:45 José Luiz 0 Comments




Quando seus jardins derem flor, avise-me. Dê um jeito de chegar até a mim essa notícia. Caso as flores não vierem, as pragas teimarem em atrapalhar seu vicejar, mande notícias assim mesmo. Irei pedir que não desanime e que se empenhe no bom combate. O segredo está na terra, no preparo do solo, no cuidado com as menores coisas. Aproxime-se do sol, da lua, dá água. Mantenha contato mais íntimo de onde veio e para onde vai. Tudo o que usufrui e o que sustenta vem da terra. Talvez, aí esteja a razão de minha satisfação quase orgástica em tocar o solo, em sentir sua textura. Sinto parte de mim. E é. 

Os jardins habitam nossos sonhos antes mesmo de existirem. E se existem no fundo de nossos quintais é pela razão de termos sido bons e cuidadosos. Numa espera fértil do jardineiro que, enquanto espera, cuida para que nada falte às plantas, vamos seguindo. Nada vem de graça. Sem querer impor crenças no destino ou fundamentar teorias fatalistas ou cabalísticas, muitas vezes, é preciso paciência para compreender o momento de turbulência para, no futuro, chegar à conclusão de que tudo era para acontecer. Mas, fica pulsante a certeza de que a espera não deve ser vã, estacionada na inércia, esperando o tempo passar. Quem tem esperança em alguma coisa, move-se, põe-se a caminhar, vai adiante. Não vem flor bonita sem capricho, não há planta que cresça sem o olhar amoroso do jardineiro. Sem esmero só fica o lamento, a incômoda sensação de que poderia ter sido um pouco diferente.

A lembrança de um homem rústico, com as unhas sujas de terra, chapéu de palha, sorriso delicado na face e um olhar distante no porvir, para mim é a figura que mais se aproxima do Criador. Na simplicidade está estampada a verdadeira beleza.

É isso aí!

0 comentários: