CULPAS
Eu desafinei, mas os culpados foram os músicos que erraram as notas! Eu tropecei, porém a culpa é da pedra que se pôs no meu caminho! Eu nunca, eu não, eu jamais... Assim, sempre, a culpa pertence ao danado do outro que veio intervir na hora errada! Amigo, se você desafinou é porque a voz não ajuda e, se observasse melhor, poderia ter se desviado da pedra. Há sempre motivos para justificar nossas derrotas, quase nunca amparados nas próprias omissões, falhas ou ausência de habilidades.
É mais fácil jogar o peso de nossas culpas nos ombros alheios, pela incapacidade de suportá-las. É bom fazer uma forcinha de vez em quando para aceitar que somos passíveis de erros e que, por conta de nossa humanidade e pequenez, caímos vez ou outra. Tem hora que o orgulho é grande, consegue ser maior que a gente, e nos impede de olhar sem manchas o espelho intimo que cada um carrega escondido. É preciso tirar a sujidade da superfície, pois às vezes impedem uma visão mais clara de nós mesmos.
O erro pode ser caminho da virtude. Não devemos elegê-lo como meio, mas como fruto do acaso que nos permite crescer, aprimorar. Pedra bruta que se forja nas agruras de toda existência que, para ser das boas, tem de ter atribulação, sonhos, lágrimas e risos. Viver é bom demais, mas não é nada fácil. Como diria o aforismo matuto dessa gente simples, “rapadura é doce, mas não é mole não”.
Impávidos colossos que a tudo enfrentam, fortalezas imbatíveis que julgamos ser. Tolices que só nos causam dor. Tem hora que o abraço do outro é o que nos resta, sustenta-nos, faz-nos permanecer de pé. Na consciência de que somos pequenos, tornamo-nos gigantes.
É isso aí!
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1 comentários:
Maravilhoso!
Disse tudo professor José Luiz!!!
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