SAIR DO LUGAR
Ser poeta da esperança em tempos rudes não é coisa fácil. Para os que elegem a crueza de dias ruins como inspiração para uma alma doída, até compreendo que esse tempo seja pura inspiração. Dias tristes passam morosos, demoram demais, doem demais. Sou dos tolos que sempre esperam, que carregam a esperança mesmo quando tudo parece conspirar contrário.
Assim, como diria Bandeira, também “quero antes o lirismo dos loucos”. Os que ousam, sorriem, arriscam, sonham e choram emprestam ao mundo uma maneira arejada, repleta de novos matizes e performances, ao enfrentar os medos e desafios que a vida impõe. Deixo a desesperança angustiante para o que têm acanhamento em mostrar-se gente, em fazer-se humano. Se for para chorar, que venham as lágrimas. E quando o luto passar - que seja breve - lutar é a melhor receita. E quando for época dos sorrisos frutificarem que encham os galhos em fartura e ressurjam em novas vidas a partir de suas sementes. Há os que trazem uma vida carregada de pudores, tabus e meias verdades, cujas máculas se apegam feito nódoa, e se apegam a elas como marcas vitais. Triste.
Por força de suas mãos, pessoas inspiradoras fazem o mundo caminhar, sair do lugar. Cantam, mesmo que para si mesmo. Oram, mesmo que silenciosamente. Abraçam, mesmo sem reciprocidade. Trabalham, mesmo quando tantos desanimam.
Persistam, não se assosseguem, pois dependemos visceralmente de suas energias.
É isso aí!

0 comentários:
Postar um comentário