Zé Luiz
Questão de Tempo
Tudo é questão
de tempo. As coisas vão passar. O que é de ruim, o que é de bom. Um dia some
tudo. Nada é para a eternidade. A finitude é a única certeza cristalizada que
paira em nossas parcas existências. O homem que se acha pleno de poder vai
esbarrar uma dia na pequenez do que é ser humano. Na doença, na dor, percebemos
que somos quase nada e que, se somos algo, é na interdependência, na
necessidade que temos um do outro.
Quantas vezes não ouvimos alguém
dizendo “eu não dependo de ninguém”. Ledo engano de quem não tem ciência de seu
tamanho perante o firmamento. A brevidade da vida nos ensina a tomar tento, a
ter consciência de que a vida passa rápido demais. Eu outrora um menino
correndo pelos quintais cheios de mexeriqueiras e tomando banho de chuva, hoje
um quase cinquentão com os cabelos prateando e já sentindo o peso dos anos.
Apesar de ter vigor para tocar adiante o que me cabe conduzir já não tenho a
energia dos anos de juventude. Quando se chega ao segundo tempo, faz-se
necessário rever os conceitos, repensar os métodos, usufruir com mais qualidade
o tempo que resta.
Irão lembrar-se de nós e dedicar
algumas visitas ao cemitério em dias especiais os filhos, talvez os netos,
nunca os bisnetos. Então, existimos na memória dos que ficam até a segunda
geração que segue. Aí, diante dessa constatação, é bobagem viver a desperdiçar
os dias com mágoas, picuinhas, raivas infrutíferas. Condenar o futuro à prisão
de nossos ressentimos é apequenar-se ainda mais. Quero mais é viver a tolice de
tentar ser feliz, permanecer na loucura de quem acredita que vale a pena
alegrar-se com os menores eventos.
É isso aí!
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