Zé Luiz
MEDOS
O terror nos
ronda, nos sonda, nos cerca. Os assassinatos em Paris repercutiram em todo o
mundo, abalou o senso da democracia, o direito de pensar diferente, a liberdade
de se manifestar. O choque foi terrível. As lideranças mundiais se reúnem para
discutir a melhor forma de combate ao terrorismo. Parece tão distante de nós,
aqui distados nos rincões das Minas Gerais. Ledo engano. A intolerância também
nos rodeia. Tem gente que se julga no direito de julgar e condenar os
diferentes. Tem gente bem perto de você que não tolera negros, gays e outras
castas.
Quando se tem
notícia que dezoito torcedores morreram assassinados em embates motivados por rixas
clubísticas no último ano no Brasil, não
vai tão além assim de nós a realidade do terror. Matar o outro por torcer por
um time rival é a mais pura bestialidade e imbecilidade. Enquanto se matam aqui
embaixo, os dirigentes, treinadores, empresários e jogadores enchem os bolsos
em jogadas e transações milionárias. Tolerar é aceitar o diferente, o que pensa
diferente, é permitir o contraditório. Vemos brigas e mortes pelas questões mais
banais. Cada um assume suas posições e, segundo crenças e princípios, tem suas
opiniões fechadas. Isso não me dá o direito de escrachar o outro porque não
comunga de meus pensamentos. Ninguém é cópia de ninguém. O mundo é belo porque
as cores são tantas.
Charlie Abdo
foi atingido, mas o coração do mundo sangra. O ataque atingiu a todos, de uma
forma ou de outra. O mundo passará a olhar de forma distinta essas atrocidades,
vai digerir diferente, vai reagir diferente. O erro está justamente em rotular
as pessoas, em definir de forma coletiva o comportamento de determinadas gentes.
“Os mineiros são assim, os paulistas são assados”. Ser humano é bicho universal.
As dores que doem aqui, doem também lá no Alasca. O dia em que entendermos que
somos parte de um todo e que nesse todo somos juntos e iguais, inclusive nas
diferenças, viveremos melhor, com menos medo e mais segurança.
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