Zé Luiz
Aprendendo...
Ele olhava
as coisas com desdém. Via tudo e a todos com a virulência de quem enxergava um
inimigo em cada canto. Não achava graça em nada, nem sabia explorar os momentos
preciosos de alegria e prazer, como se não fosse de seu merecimento e nem
pudesse perder tempo com aquilo. Vivia a trabalhar feito um workaholic, como se
fosse uma máquina de gerar resultados. E nem sempre os resultados eram os
melhores, como tudo na vida. Com humor quase sempre ácido, não se conformava
como tinha gente que só sabia expor um sorrisinho básico, como se tivesse
pregado na cara desde o nascimento.
Quase
sempre, arranjava um jeito de trazer a piedade alheia, com reclamações quanto à
saúde e o excesso de trabalho, como se aquilo abastecesse de conforto os
recônditos de uma alma combalida. Até que um dia, ficou mesmo doente. A
tristeza da alma, o rancor e os sentimentos negativos atingiram as células. Foi
diagnosticado. Aí, foi se tratar. No tratamento, foi obrigado a parar com a
desvairada busca do nada. Teve, então, tempo de olhar os filhos já grandinhos,
de perceber o amor das pessoas no seu entorno; passou a apreciar o que de fato
tem valor.
Percebeu que
tinha o rio correndo na sua porta e nunca tinha se banhado nas águas e, pior,
sentia raiva de quem se arvorava a esse desplante. Percebeu que o inimigo, na
maior parte do tempo, mora dentro da gente e que temos de abatê-lo
cotidianamente. Começou a se livrar das teias de aranha que invadiram o peito e
passou a viver melhor. Percebeu principalmente o quanto suas atitudes provocavam
dor e tristeza naqueles que mais amava e que o passado, que o afligia tanto,
deve morar no seu tempo devido, lá atrás, e nunca atrapalhando o presente,
impedindo o futuro.
Espero em Deus que tenha sabedoria suficiente para perceber certas coisas óbvias para que não tenha de ter como professora a doença, nem como guias os males que afligem o corpo e a alma. Que eu seja aprendiz de mim mesmo e de tudo ao meu redor. Que o passado seja meu mestre, nunca meu coveiro.
É isso aí!
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