ZÉ LUIZ
A vida é boa. É
boa porque ainda tem rosa para plantar, tem pão de queijo para comer, tem livro
para ler, tem rede para deitar. Vale a pena insistir nessa coisa toda porque
ainda há amigos para de vez em quando poder discordar, tem beijos recolhidos
para serem dados, tem chinelo de dedo, tem chão para pisar. Essa loucura
destemperada chamada vida é urgente, pois me vem a certeza de que ainda há lenha
para queimar, há sonhos para se alcançar, há estrada para caminhar.
Quero insistir
o tanto que der, quero pelejar até a última gota de suor, quero esperar a
espera do jardineiro, quero ter tempo para apreciar o tempo. E quando não der
mais, que eu diga que foi possível chegar até onde deu para chegar. Certo que
haverá a sensação da perda, mas não a frustração da omissão, a triste impressão
de nada ter feito por nunca ter tentado. Que as nuvens sejam chuva, que a
canção saia da garganta, que a lágrima brote quando tiver de vir.
Há pessoas que me inspiram, que me
instigam, que me ensinam. Essa gente que me estimula, por amor, vive a me jogar
para frente. Permite-me o ajustamento, a superação. Grato porque não pedem nada
em troca. Simplesmente são.
Inundado pelas
dúvidas que cabem a todo ser que pensa minimamente, que eu me permita mudar,
desviar as rotas, desviar das rotas, tentar novas expectativas, experimentar
novos sabores. Que os carrapichos que se prenderam a mim na caminhada sejam
percebidos e eu não me acomode à dorzinha que eles provocam, mesmo que as dores
da mudança façam-se necessárias e sejam talvez maiores. Que eu não fuja de mim
mesmo, nem de minhas aspirações e que seja capaz de preparar o terreno para que
elas prosperem.
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