Zé Luiz

17:39 José Luiz 1 Comments




BAÚ

         Queria poder cantar sem ressalvas, levar a vida de forma mais livre, abraçar mais árvores, gargalhar um pouco mais. O mundo é cheio de pudores falsos, de moralismos hipócritas, de fingidas impressões. Falei com uma moça nervosa outro dia que sou amigo do sorriso, que prefiro resolver as coisas com um abraço e, se possível, com um beijo estalado. Ela desarmou-se. Foi embora sorrindo, talvez pensando: “que homem louco!”
         Que a loucura sã faça parte de meus dias. Que a responsabilidade nunca me falte, porém que venha sempre acompanhada da graça de viver em paz, pois a brevidade da vida me ensina que tem coisas que são para ontem, outras até podem esperar. Que minhas decisões sejam respeitadas, porque compreendidas nem sempre será possível. Guardar as coisas, decisões ou palavras para despejar a virulência do ódio em ocasiões futuras é reduzir a alma à pior das condições. Deveríamos reservar o espaço de nossas mentes às coisas que farão diferença positiva na nossa e na vida do outro. Sorte – posto que nem sempre é possível – tem aquele que ocupa um espaço vazio pelo fato da vacância ter sido provocada pelo sucesso de quem o deixou.
Essa acidez pestilenta de quem almeja ou prepara apenas os momentos de vingança faz com que venha à tona a doença, com consequências psíquicas e físicas que geram profunda dor. Lamentavelmente, a célula sofre com o rancor e devolve com tristes efeitos patológicos. Que minha mente seja um baú dedicado às melhores lembranças e planos. Esses, sim, justificam nossa existência. É ruim saber que tem quem necessita da lágrima alheia para alimentar seus egos inflados e suas almas vazias e pobres. Perdão, mas prefiro não as saciar.
É isso aí!

1 comentários:

Lizandra disse...

Simplesmente perfeito!!!!