Zé Luiz
Estação Barreiro
Cá estou na capital do Estado. Fim de
tarde, compromissos do dia já realizados, resolvo andar um pouco para ver o
movimento da Praça Sete em plena horário de pico. Ali, nota-se de tudo. Homens
jogando dama, bastante concentrados em meio à confusão. Pregadores inflamados
anunciando o fim dos tempos. E milhares de pessoas apinhadas nos pontos
esperando seus ônibus. Não pensei duas vezes, entrei num desses e fui parar na
estação Barreiro. Foi uma boa experiência. Não me pergunte o que tinha para
fazer lá. Quis reconhecer o que, aos olhos de um homem do interior, é uma
panela de pressão prestes a explodir. Observando as pessoas e a fluidez delas,
percebi o quanto tenho de aprender. Há uma ordem no caos. Na ida até a estação,
fui recepcionado por um motorista simpático, um cobrador nem tanto. Alguns
passageiros, naturalmente cansados, encostavam a cabeça para o lado e, logo,
dormiam. Cada qual no seu canto, um silencio despedaçado pelo barulho dos
motores.
Cheguei na estação, comprei a
passagem de volta - baratinha, por sinal - e fui esperar o ônibus que me
levaria no ponto original. Dessa vez, o motorista casmurro e a cobradora
bastante solícita. A moça tosse. A senhora, sentada ao lado, retira da bolsa
uma pastilha e a entrega. A cobradora agradece com um sorriso e diz que estava
precisando mesmo. Percebi que há uma cumplicidade entre as pessoas ali. Nessa
hora, o Brasil se mostra real, com todas as faces e cores de uma gente
miscigenada. Nada parecido com a elite loira que frequentou as arquibancadas
dos jogos da Copa. Estudantes, idosas, gente de terno ou uniformizada voltavam
para seus lares com a missão do dia já cumprida.
O espaço é pequeno para contar tantas
impressões. Mas, fica registrado o meu respeito a esse povo que labuta tanto e
toca a vida com dignidade, persistência e fé.
É isso aí!
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