Zé Luiz

16:34 José Luiz 0 Comments


Estação Barreiro

Cá estou na capital do Estado. Fim de tarde, compromissos do dia já realizados, resolvo andar um pouco para ver o movimento da Praça Sete em plena horário de pico. Ali, nota-se de tudo. Homens jogando dama, bastante concentrados em meio à confusão. Pregadores inflamados anunciando o fim dos tempos. E milhares de pessoas apinhadas nos pontos esperando seus ônibus. Não pensei duas vezes, entrei num desses e fui parar na estação Barreiro. Foi uma boa experiência. Não me pergunte o que tinha para fazer lá. Quis reconhecer o que, aos olhos de um homem do interior, é uma panela de pressão prestes a explodir. Observando as pessoas e a fluidez delas, percebi o quanto tenho de aprender. Há uma ordem no caos. Na ida até a estação, fui recepcionado por um motorista simpático, um cobrador nem tanto. Alguns passageiros, naturalmente cansados, encostavam a cabeça para o lado e, logo, dormiam. Cada qual no seu canto, um silencio despedaçado pelo barulho dos motores.
Cheguei na estação, comprei a passagem de volta - baratinha, por sinal - e fui esperar o ônibus que me levaria no ponto original. Dessa vez, o motorista casmurro e a cobradora bastante solícita. A moça tosse. A senhora, sentada ao lado, retira da bolsa uma pastilha e a entrega. A cobradora agradece com um sorriso e diz que estava precisando mesmo. Percebi que há uma cumplicidade entre as pessoas ali. Nessa hora, o Brasil se mostra real, com todas as faces e cores de uma gente miscigenada. Nada parecido com a elite loira que frequentou as arquibancadas dos jogos da Copa. Estudantes, idosas, gente de terno ou uniformizada voltavam para seus lares com a missão do dia já cumprida.
O espaço é pequeno para contar tantas impressões. Mas, fica registrado o meu respeito a esse povo que labuta tanto e toca a vida com dignidade, persistência e fé.
É isso aí!


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