Zé Luiz
MINHA ALDEIA
Basta se distanciar uns parcos dias
de casa para sentir o quanto ela nos é querida e a falta que nos faz. Nada como
deitar o corpo cansado na cama que acolhe e entende seu jeito todo peculiar, a
ponto de ter acomodado sua silhueta nos contornos do surrado colchão. O café
preparado com amor, despedir-se antes de ir para o trabalho, desejar um bom dia
com a certeza de se reencontrar no fim do mesmo. Os cantos favoritos da casa, o
prato predileto, o programa de tv que nunca perde, os livros na estante, os
arroubos da adolescência da filha amada, a saudade do filho longe, os sorrisos
da amada e até os gatos que sujam os muros compõem um quadro pintado nas
minúcias para dizer que temos lar.
Podemos correr
o mundo, conhecer ambientes deslumbrantes e requintados, mas nada supera a
boniteza de nossa aldeia. “O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha
aldeia, mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia porque
o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.” O poeta retrata com singeleza
e precisão o valor de nosso canto. Ali, até a grama é mais verde e o pássaro
vem cantar mais bonito. O valor dessas coisas está no que representam para
nossas vidas. Não há fortuna maior, não há moeda que pague. A saudade é mestre
que ensina o valor do reencontro, do perdão, do afeto.
Quero que minha
presença seja perene junto aos meus. Mesmo que a distância vá nos separar, por
força da dinâmica da vida e que os filhos precisam tomar seus próprios rumos, que
nossas ligas não cedam e os laços ganhem força. Apreço ao lar significa amor à
família. Amamos nossas casas porque simbolizam a presença dos entes amados. A
fricção e os contatos que ali surgem dão sentido a tudo o que o que vivemos e
para que viemos; criam energia para prosseguir, para nunca desistir.
É isso aí!
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