Zé Luiz

09:26 José Luiz 0 Comments



TUCANOS E ARARAS

Os pássaros se achegam nas árvores urbanas como quem pede socorro. Não são invasores conforme afirmam alguns. Vêm em busca do alimento que um dia deles usurparam. Ao mesmo tempo em que é bonito ver o tucano e a arara visitando as proximidades de nossas casas e pousando nas árvores das praças, por outro lado é melancólico saber que estão ali porque não encontram guarida nos recantos que deveriam ser deles. Os olhos enchem de uma boniteza que surpreende em meio à frieza do concreto e do asfalto. No coração, uma ponta de sofrimento por saber que precisam correr riscos entre as máquinas, prédios e pessoas para subsistir.
Poderia fazer aqui um esboço de uma reflexão ecológica, mas vou me atrever a ponderar e traçar um paralelo entre os pássaros e nossa própria existência. Triste não ter para onde ir, onde buscar seu sustento, em quem amparar suas aspirações. Por isso, o ser humano é um bicho social. Até para discordar, precisa de outro para confrontá-lo. Sozinho, é inerte, é folha solta, desgarrada e, por vezes, amarga. 
A gente busca escorar nossos alicerces nas relações que travamos com o mundo. Se preciso, vamos longe buscar apoio ou refrigério nas horas de angústia. Buscamos no colo do outro, nas palavras que fazem reerguer, o sossego para aquietar nossos espíritos. O pássaro vem de longe para saciar sua fome física. Ali, mesmo em ambiente estranho, faz seus ruídos e cantos propagando ao mundo sua (in)satisfação. 
Nós, muitas vezes, temos a fonte para abastecer nossas vidas ali do lado, e não viramos os olhos para enxergar o óbvio. Não é preciso muito para tentar ser feliz. É preciso encontrar sentido nas coisas e estabelecer uma predisposição para tal. Afinal, felicidade e tristeza não são exclusividade de ninguém. Todos podem tê-las em abundância. Prefiro a primeira opção.

É isso aí!

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