Zé Luiz
BEIJOS NA ALMA
Cinco meninos.
Uma escadinha. Nove, sete, cinco, menos de três, pouco mais de um ano. Pai
sozinho para cuidar de todo mundo. Não quis dividir responsabilidades. Acredito
que também nem teve jeito. Se era com ele a parada - com a ajuda de
Deus, como sempre disse - não iria fugir da carga. Mulher doente, um ano
internada, longe de tudo e de todos. Chamou um casal para colaborar nos
afazeres da casa, do sítio e cuidar da meninada. Rosa era o nome dela. Era negra,
cujos dentes se destacavam num sorriso acolhedor. João, o marido, nem lembro se
branco ou jambo, calado e trabalhador. Ela virou madrinha de todo mundo. Foi
nossa mãe morena, mesmo que não quisesse.
Um ano depois,
chega uma mulher branquinha, feliz e chorona. Todos na cozinha, mesa grande.
Ela, sentada, tentando abraçar um por um. Os menores estranhando a presença
daquela mulher, meio com medo, ressabiados até. Desconheciam aquela figura, ao
mesmo tempo iluminada, ao mesmo tempo diferente. No outro dia, já disputávamos
seu colo. Mãe tem jeito não: é amor que cicatriza, que beija a alma. Logo, quis
voltar para perto dos seus. O homem da casa não quis contrariar a amada esposa
que voltara de um martírio viva e cheia de vontade de recuperar o tempo depois
do exílio forçado.
Essa liga é tão
forte que nada é capaz de arrebentar. Disso tudo, fica a força de um homem que
cumpriu sua sina e fica a marca de uma mulher que soube amar demais, perdoar
demais. Se somos algo que preste, tudo vem deles. Hoje somos seis, depois da
odisseia, nasceu o temporão, sujeito de primeira grandeza. Desse tempo, muita
história ainda tem guardada. Uma hora, vou deixando escapar algumas delas.
É isso aí!
1 comentários:
História linda!
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