Zé Luiz

11:17 José Luiz 1 Comments




BEIJOS NA ALMA


Cinco meninos. Uma escadinha. Nove, sete, cinco, menos de três, pouco mais de um ano. Pai sozinho para cuidar de todo mundo. Não quis dividir responsabilidades. Acredito que também nem teve jeito. Se era com ele a parada - com a ajuda de Deus, como sempre disse - não iria fugir da carga. Mulher doente, um ano internada, longe de tudo e de todos. Chamou um casal para colaborar nos afazeres da casa, do sítio e cuidar da meninada. Rosa era o nome dela. Era negra, cujos dentes se destacavam num sorriso acolhedor. João, o marido, nem lembro se branco ou jambo, calado e trabalhador. Ela virou madrinha de todo mundo. Foi nossa mãe morena, mesmo que não quisesse.

Um ano depois, chega uma mulher branquinha, feliz e chorona. Todos na cozinha, mesa grande. Ela, sentada, tentando abraçar um por um. Os menores estranhando a presença daquela mulher, meio com medo, ressabiados até. Desconheciam aquela figura, ao mesmo tempo iluminada, ao mesmo tempo diferente. No outro dia, já disputávamos seu colo. Mãe tem jeito não: é amor que cicatriza, que beija a alma. Logo, quis voltar para perto dos seus. O homem da casa não quis contrariar a amada esposa que voltara de um martírio viva e cheia de vontade de recuperar o tempo depois do exílio forçado.

Essa liga é tão forte que nada é capaz de arrebentar. Disso tudo, fica a força de um homem que cumpriu sua sina e fica a marca de uma mulher que soube amar demais, perdoar demais. Se somos algo que preste, tudo vem deles. Hoje somos seis, depois da odisseia, nasceu o temporão, sujeito de primeira grandeza. Desse tempo, muita história ainda tem guardada. Uma hora, vou deixando escapar algumas delas.

É isso aí!

1 comentários:

Elizet disse...

História linda!