Zé Luiz
JARDIM
Rubem Alves, no
alto de seu sábio poder contemplativo, observava que o jardineiro veio antes do
jardim. Portanto, não existe jardim sem jardineiro. Um bom jardineiro, aliado à
natureza, fará com que as flores vicejem logo. Já um jardim, sozinho, solitário,
por mais frondoso, perecerá sem as mãos afáveis e habilidosas do jardineiro. O
jardineiro é aquele que carrega a alma e os sonhos cheios de jardins. Que
espécie de jardineiro quero ser?
Há uma
brevidade, um lampejo de existência, que me diz que é preciso correr, mas
correr com calma, com a temperança do maratonista, não com a sofreguidão do
velocista. Parado é que não posso ficar. Na caminhada, é possível esparramar
sementes, preparar a terra, embelezar o mundo com os sonhos povoados de
jardins. Há quem prefira a seca, a guerra, a desesperança. Observando a
maravilhosa obra de Portinari “Guerra e Paz”, pude perceber a dor, a agrura e
os sofrimentos de quem vive em estado de guerra. Por outro lado, na busca pela
paz, aquieta-se o espírito, acalmam-se as dores, aplacam-se as iras causadoras
da morte, faz-se jardineiro.
Pai, mãe,
professor, todas as gentes, encham as mãos de terra, deixem as unhas
encharcadas pela fertilidade do húmus, cuidem das plantas, façam a poda no
tempo certo, façam parceria com o sol, a lua, a chuva, o chão para poderem
cumprir suas sinas de jardineiro que querem tão somente produzir o bem,
fecundar a paz, colher felicidade.
É isso aí!
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