Zé Luiz
ESPERA
Quero antes a
alegria dos supostamente tolos, dos que riem sem motivo aparente, num semblante
incolor. Prefiro os gritos das crianças às lamúrias dos adultos. Prefiro a
revolução pacífica de Gandhi às incursões genocidas de Hitler. Escolho viver
entre os que têm fé e esperança àqueles que pelejam nas agruras do desânimo. Coisa
de quem almeja a utopia, de quem ainda insiste em acreditar.
Nos pés da muda
de flor joga-se estrume para que viceje breve. A planta metaboliza o dejeto e
converte em beleza. O homem, na sua intrépida posição de supremacia, transforma
o que desferem de negativo em presságios ainda piores. Destruidor-mor do
planeta, o homem vai difundindo seus agouros como verdades absolutas, pregando
a violência como meio de se conseguir o intento; prega a dor como forma de
obtenção da cura. E assim, segue o paradoxo em movimento.
Alimento em mim
um desejo de ver colorido o planeta, de ver a água limpa, de sentir o ar puro, de
degustar o doce sabor da manga que chega todo mês de outubro, de enxergar a
boniteza em simplesmente viver, por mais dura que seja a empreitada. A mãe que
espreita o olhar do filho enquanto dá-lhe de mamar é a imagem cristalina da espera
por um mundo melhor. Só essa perspectiva dá sentido a esse gesto sem igual. Sigo,
assim, carregando esse otimismo que alguns rotulam de ingênuo, mas que me ajuda
a viver, a sobreviver.
É isso aí!
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