José Luiz
Despertar
Uma criança no colo
da mãe. Ao invés da tradicional chupeta, a mãozinha na boca. Aquela doce menina
parecia não ter mais que três meses de vida. A mulher a acalentava no colo com
a doçura que só as mães possuem, fazendo de seus braços um aconchego para que o
bebê pudesse dormir o mais tranquilo dos sonos. Naquele momento sublime, ao
admirar a cena, fiquei a imaginar um mundo em que essa criança realmente
pudesse dormir sossegada, sem ter seu sono perturbado. Inspiro-me livremente em
Drummond que desejou preparar uma canção que pudesse despertar os homens, abrir
suas consciências, para assim acalentar as crianças, adormecê-las
pacificamente.
Vi essa cena em uma creche. Era gente bem
simples. No simples reside o belo, o magnífico. O Criador é extremamente simples,
complexa é a sua criação. Entretanto, no emaranhado de tudo, cada detalhe é
feito com surpreendente simplicidade. Vivo a acreditar na utopia. A utopia é
coisa boa de ser perseguida. Mesmo distante, ela é a esperança de tempos
melhores. O melhor, de repente, nem é a conquista, mas a perseverança tenaz em
atingi-la. A tenacidade e o desejo é que nos movem. É no caminho que se faz a
história, não no seu fim.
Ali, naquele ato
divino, um encantamento remetia à ideia de que poderiam ser cessadas as bombas,
despejada pelo esgoto a sujeira da humanidade corrompida. Ali, a vida fluiu de
maneira mais lenta, suave até. Se os homens tomassem pé da sua responsabilidade
com relação às crianças, talvez conseguissem enxergar o mundo que estão dando
de presente ao futuro. Fariam mais e melhor para que o direito à vida digna
fosse garantido, para que nossos meninos e meninos fossem de fato crianças, sem
verem suas inocências maculadas, nem seus sonhos destroçados.
É isso aí!

0 comentários:
Postar um comentário