José Luiz

11:03 José Luiz 0 Comments




MESMA RAIZ

Já dizia Renato Teixeira, inspirando-se livremente em Francisco de Assis, num momento de rara felicidade, que somos todos irmãos da lua e moramos na mesma rua. Enfim, somos todos chegados, ocupando uma mesma morada. Uma canção simples que encerra tanta verdade. Por falar em canção, ela tem o doce poder de nos transportar a outras dimensões, transcender-nos, elevar nosso espírito. Assim, convido-os a pegar carona nessa viagem.
Não há quem não aprecie um bom cafuné, um papo animado, uma boa comida. Por mais frios e impessoais que queiramos parecer, a emoção guia nossos passos trôpegos por um caminho nem sempre retilíneo. Deveríamos nos emocionar com a risada de um bebê, com o barulho da chuva, com a formosura da lua cheia, com as maiores riquezas que o universo produz e teimamos em não reconhecê-las como tal. Acho que, na verdade, somos todos um pouco - ou muito - parentes, pois advimos da mesma raiz. Saímos todos das entranhas de uma mulher; já fomos frágeis e dependentes de um peito repleto de leite. Já vivemos um tempo em que somente um colo nos bastava. O nada era tudo para nós.
De que adianta tanta arrogância e prepotência, esse sentimento de infalibilidade, de irretocável altivez? Sentimo-nos majestades sem trono, sendo que o verdadeiro trono é a grama envolta pela delicadeza da relva. Tudo passa e um dia voltaremos a ser parte intrínseca da Terra. Mas não desanimemos! É sempre tempo de recomeçar, de acordar. É só pegar o lápis da história e escrever um roteiro diferente, arrojado, feliz. É hora de sorrir mais, cantar mais, amar mais. Permitamos nos contagiar pelas coisas mais simples. Abramos, ou melhor, escancaremos as janelas do coração. Acolhamos a entrada de novos ventos que possivelmente trarão arejamento.
Nessa hora, nem dá para ser muito claro. Até porque, se for claro demais, perde a graça. É o paradoxo da poesia, a controvérsia da arte, a loucura dos que ousam sonhar de olhos abertos.
É isso aí!

0 comentários: