José Luiz
MESMA RAIZ
Já dizia Renato
Teixeira, inspirando-se livremente em Francisco de Assis, num momento de rara felicidade,
que somos todos irmãos da lua e moramos na mesma rua. Enfim, somos todos chegados,
ocupando uma mesma morada. Uma canção simples que encerra tanta verdade. Por
falar em canção, ela tem o doce poder de nos transportar a outras dimensões,
transcender-nos, elevar nosso espírito. Assim, convido-os a pegar carona nessa
viagem.
Não há quem não
aprecie um bom cafuné, um papo animado, uma boa comida. Por mais frios e
impessoais que queiramos parecer, a emoção guia nossos passos trôpegos por um
caminho nem sempre retilíneo. Deveríamos nos emocionar com a risada de um bebê,
com o barulho da chuva, com a formosura da lua cheia, com as maiores riquezas
que o universo produz e teimamos em não reconhecê-las como tal. Acho que, na
verdade, somos todos um pouco - ou muito - parentes, pois advimos da mesma
raiz. Saímos todos das entranhas de uma mulher; já fomos frágeis e dependentes
de um peito repleto de leite. Já vivemos um tempo em que somente um colo nos
bastava. O nada era tudo para nós.
De que adianta tanta
arrogância e prepotência, esse sentimento de infalibilidade, de irretocável
altivez? Sentimo-nos majestades sem trono, sendo que o verdadeiro trono é a
grama envolta pela delicadeza da relva. Tudo passa e um dia voltaremos a ser
parte intrínseca da Terra. Mas não desanimemos! É sempre tempo de recomeçar, de
acordar. É só pegar o lápis da história e escrever um roteiro diferente,
arrojado, feliz. É hora de sorrir mais, cantar mais, amar mais. Permitamos nos
contagiar pelas coisas mais simples. Abramos, ou melhor, escancaremos as
janelas do coração. Acolhamos a entrada de novos ventos que possivelmente trarão
arejamento.
Nessa hora, nem dá
para ser muito claro. Até porque, se for claro demais, perde a graça. É o
paradoxo da poesia, a controvérsia da arte, a loucura dos que ousam sonhar de
olhos abertos.
É isso aí!
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