José Luiz

16:31 José Luiz 0 Comments



A RODA GIRA

Ando matutando muito sobre algumas coisas ultimamente. O tema da morte nunca me atraiu muito, mas confesso que ela tem burilado meus neurônios nos últimos tempos. A “indesejada das gentes” chega de forma tão abrupta em alguns casos que provoca um impacto alucinante. Que ela vai chegar, não resta dúvidas. Trata-se da única e inabalável certeza: tudo tem um fim. Perdi uma grande amiga dia desses. Sua risada saborosa ainda ecoa na minha mente e parece balançar as folhas daquelas árvores lá em frente de casa. É uma saudade danada. Não é fácil compreender essa lógica da finitude. Minha amiga estava prestes a se aposentar. Não pode usufruir da ociosidade produtiva que certamente planejou. A morte chegou sem pedir licença. Onde havia esperança, brotou a lágrima acompanhada de um desalento amargo.
É por isso que certas coisas não podem esperar para amanhã. Por mais capaz que eu me permita achar, há sempre alguém prontinho para ocupar o lugar na minha falta. É a dinâmica da vida. Roda gigante, roda pião. A roda tem de girar, a fila tem de andar. Vivemos a adiar certas coisas que poderiam começar ontem: uma amizade recuperada, um projeto de viagem, um desafio há muito almejado, uma guinada na vida. Tem hora que vem uma vontade de ser velhinho para poder dizer o que penso, com serenidade nas palavras, claro, mas sem os entraves, censuras ou imposições do status quo.
Minha amiga risonha me deixou várias lições, até mesmo na despedida. A lembrança de suas posições firmes, temperadas com ternura, ensinou-me a fazer companhia sempre com a verdade, com uma sinceridade que sabia se postar concreta sem a frieza do concreto. Vivamos, então!
É isso aí!

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