José Luiz
RETROVISOR
Estava eu completamente absorto em meio a uma aula de Literatura Infantil, falando de poesia, impregnado pelas palavras e encantos dos grandes autores, quando aparece um amigo que comunica que quebraram o retrovisor do meu carro. De sobressalto, perguntei quem tinha praticado o infortúnio. O colaborador disse-me que a pessoa responsável pelo incidente havia deixado nome e telefone na secretaria da faculdade para que pudesse entrar em contato depois. Assim que terminei a aula, fiz a ligação e deparei-me com alguém extremamente solícito que pedia desculpas e dizia-se pronto a pagar o prejuízo. Combinamos que eu faria o orçamento e passaria por telefone no outro dia. Assim o fiz. Pedi ao mesmo que deixasse o dinheiro no meu local de trabalho. No horário combinado, cumpriu o prometido.
Fiquei feliz com a experiência vivida. Num mundo em que expressiva parte das pessoas anseia levar vantagem em tudo, encontrei um sujeito que preza a honestidade e o bom senso. Valores que deveriam ser componentes obrigatórios no caráter do ser humano viram, nestes tempos raivosos, artigos de luxo, coisas raras. Respeito muito todos os privilegiados que insistem em praticar o bem, sem querer, a todo custo, tirar proveito das situações que, por ventura, poderiam se “dar bem”.
Quando fui pagar o retrovisor na loja que prestou o serviço, consegui ainda um desconto de alguns reais. Voltei a ligar e disse do troco que tinha de repassar. Levei o dinheiro à magazine onde trabalha a mulher do amigo desconhecido e passamos a ter mais uma história boa para contar. Neste caso, o retrovisor permitiu que olhasse para frente e passasse a crer um pouco mais na humanidade.
É isso aí!
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