José Luiz
ACEITAR
Tem certas verdades que, apesar de tão duras, é preciso disposição para aceitá-las. Vivemos na farta ilusão de que temos posse sobre todas as coisas que formam a colcha de retalhos de nossas vidas. Pensamos ser donos da família, da casa onde moramos, das plantas que cuidamos, dos amigos que nos cercam. Com exceção dos afetos, que julgo serem eternos, a maioria das coisas, feito fumaça, compõe as nuances de uma passagem e passam pelos dedos, esvaem-se com o tempo. O lugar onde habito um dia será ocupado por outras pessoas; as plantas, os animais de estimação são tão passageiros quanto nós; os filhos, que tínhamos a convicção firme de que nos pertencia, agora seguem seus próprios caminhos e temos de agradecer por isso.
Estamos por aqui de forma temporária. Vivemos na busca quase frenética de sermos mais, termos mais, podermos mais. Quando nos damos conta, o tempo passou, e resta desfolhar o livro de nossa existência e apreciarmos o que produzimos. Se conseguimos acumular muitos bens, congratulamo-nos, apesar de termos a consciência de que passamos a vida ajuntando riquezas e que deixaremos para as outras gerações usufruírem. Não que isso seja de todo ruim, mas nossas riquezas não podem se resumir àquilo que se pega, pois, como abundantemente já disseram, as coisas que nos são mais caras, não há preço que pague.
No árduo exercício da aceitação destas verdades, vamos tentando construir dentro da gente um ser melhor, mais afeito ao diálogo, propenso à construção da paz, doutorando em boas relações. É certo que não vivemos só de sentimentos e que o amor, concluiriam alguns, não vai encher nossos pratos. Porém, a vida ganha muito mais sentido com a presença dele. É inegável.
É isso aí!
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