José Luiz
SEMPRE O PERDÃO
Perdoar é se dotar da capacidade de lembrar sem raiva. Livrar-se dos pensamentos ruins que nos cercam quando estamos contaminados pelo vírus do ódio é sempre um desafio no superlativo. Eles insistem em perenizar dentro da gente, rodeiam o tempo todo. Por mais que queiramos desviá-los, sempre voltam para amofinar nossas mentes já combalidas pela repetição dos pensamentos. Perturbam, chegam doer.
O perdão é um exercício diário que nos consome anos de prática. Não se consegue uma mente e coração equilibrado da noite para o dia. Mesmo os maiores líderes da paz passaram por sérios conflitos íntimos e também foram incomodados ferozmente pela ácida ação da raiva e do destempero emocional. O primeiro passo é se conhecer, perceber os efeitos desta química devastadora provocada pelo rancor e ressentimento; fazer-se cobaia de seu próprio estudo; notar as variações de humor, os sintomas físicos e outras manifestações que surgem quando nos sentimos atingidos por algo que nos incomoda, tira-nos do centro da emoção. Antes de tudo, necessitamos nos reconhecer pequenos, falhos, afeitos ao crescimento. Uma minuciosa e, muitas vezes, dolorosa autoanálise é exigida para tal.
Vivemos cambaleantes numa corda bamba que custa-nos equilibrar. Simbolicamente falando, atravessamos represas abarrotadas de monstros com as bocas escancaradas e os dentes a postos aguardando nosso primeiro vacilo. Nem sempre querem nos devorar, apenas intentam nos fazer submergir e nos transformar em mais um deles. Não resta outra coisa a não ser ir pisando cuidadosamente para nos resguardar do perigo e conseguirmos chegar vivos do outro lado. Nem sempre vai ser possível chegar sem ferimentos, mas ficará a certeza de que conseguimos, perseveramos, combatemos o bom combate, mantivemo-nos em pé. Já terá valido muito a pena.
É isso aí!
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