José Luiz
OBSERVAR
Passamos pela vida a aprender, num estágio sem fim. Esse texto dedico aos estudantes, curiosos e aos demais observadores de plantão. Tenho notado que se aprende mais com a observação que com a afronta. Observar, em compromisso com a descoberta, é trabalho intelectual árduo. Não é simples contemplação, mas sim a dura confecção de um trabalho minucioso e quase artesanal. Contemplar é bom e preciso, porém me reporto a outra vertente da observação: uma forma analítica de enxergar o mundo, de pesquisar as diversas áreas do conhecimento, de ater-se a especificidades dos produtos a que pretende debruçar-se.
Imagine-se analisando uma onda do mar, em meio a tantas outras e a tanto mar. Reter-se à observação de uma única onda, diante da vastidão do oceano é mister que exige concentração, perspicácia, paciência. O conhecimento é infinito, contrário à finitude humana. Ao mesmo tempo, fixar um ponto faz com que o mesmo salte para o papel principal.
Delimitar ações e práticas, definir propostas, delinear objetivos, faz parte dos pressupostos de uma boa observação. É fundamental que analisemos os detalhamentos, os desdobramentos que cercam o objeto de estudo. Observar o entorno, as influências externas e suas consequentes interferências colaboram na tomada de decisões e no arranjo final do estudo.
Observando, pesquisando, conclui-se que as pessoas e projetos são desiguais, mas que ainda assim se completam, apesar dos choques produzidos por suas diferenças. Conclui-se também que muitas coisas se repetem no mundo, mesmo que divididas pelo espaço e tempo.
Metaforizando as ondas, percebemos que as consequências deixadas são inevitáveis. As marcas na areia permanecem e as alterações nas formas dos rochedos haverão de aparecer. É o legado construído sob duras penas. Há, por sua vez, os impulsos em direção oposta que certamente representarão barreiras a serem suplantadas. As contrariedades, as frustrações, os obstáculos servem para nos deixar mais fortes, menos arrogantes, mais afeitos ao nosso papel de aprendiz.
Assim, diante de nossa inevitável condição humana, percebe-se que quanto mais se observa, maior se torna a complexidade das coisas e mais se sabe que ainda se tem muito a aprender.
É isso aí!
0 comentários:
Postar um comentário