José Luiz
APARÊNCIA
Beleza é algo passageiro. Por mais que insistam em perdurá-la, inventando técnicas cada vez mais mirabolantes para tentar minimizá-la, não tem jeito: a tez teima em entrar em derrocada. Estica daqui, estica dali, cria-se uma aparência pasteurizada, um sorriso aprisionado, um cabelo pintado, um seio empinado. E assim, a humanidade avança rumo ao universo paralelo daquilo que imaginamos que o outro gostaria de ver. Não sou contra as pessoas que mantém o desejo de serem bonitas e lutam, às duras penas e gastos, para que isso se realize. Admiro aqueles que se cuidam, dão um trato no visual, querem parecer um pouco mais jovens. Praticam atividades físicas e, com isso, ganham longevidade. Assim, demonstram que dão valor à vida, que permanecem com o vulcão das aspirações ainda em ebulição.
Mas, sinceramente, não compreendo os que fazem disso a tônica da vida; os que vivem em função da imagem produzida à custa de cremes, cirurgias e malhações. Vira mania, psicose, sofrimento. O bom da vida são as amizades, o compartilhar de momentos prazerosos com os filhos e os companheiros, os estudos, a boa leitura e algumas outras frivolidades que parecem pequenas coisas, mas que são fundamentais.
O ser humano precisa de uma companhia que divida com ele os pormenores aparentemente insignificantes, mas que preenchem de sentido esta co-existência, quase uma simbiose. Precisamos de alguém que goste de conversar (sem ser tagarela), que seja cúmplice (sem ser omisso), que seja amigo (sem ser inerte). Alguém que consiga entender nossas falhas, sem avolumá-las; que consiga valorizar nossas virtudes, sem diminuí-las. É o que vai contar nos anos da velhice, já que, a essa altura, o inevitável peso dos dias haverá de pairar sobre nossos corpos fragilizados.
É isso aí!
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