José Luiz

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CASA DE AMOR

Outro dia visitei uma casa onde só habitam pessoas que, há até bem pouco tempo, estavam jogadas ao desleixo e à total degradação humana. Pude presenciar seres, antes relegados ao desprezo, totalmente reerguidos, distantes dos vícios e da indigna condição de maltrapilhos para sentirem-se pessoas de valor.

Roupas limpas, olhos serenos, sorriso farto de quem teve a vida resgatada, na certeza de que outros lhes estenderam braços bem compridos para tirá-los lá do fundo do deplorável abismo humano. Trazidas de volta à luz, essa gente agora possui documentos, benefícios previdenciários, comida e remédio na hora certa e um canto quentinho onde possam apoiar seus rostos cansados, em detrimento de insalubres calçadas e marquises onde depositavam seus esqueletos em dias de frio.

Ao invés de correr atrás de pessoas no calçadão, nas praças, nas ruas da cidade, ou de viverem a implorar por um trocado para tomarem seus desventurados goles inebriantes, agora caminham rumo aos visitantes com um abraço já desenhado antes mesmo de chegar a acontecer. Hoje, sentem-se amados e fazem questão de demonstrar afeto, como se fosse uma forma de recompensar o carinho recebido. Nenhum funcionário ou agente público tem feito mais que a obrigação, diriam alguns até com certa razão, pois são pagos para isso. Mas, que obrigação linda estão cumprindo. Ganham para dar comida, proteger, cuidar, mas o fazem com tal afeição que salário nenhum é capaz de cobrir, pois só o amor seria capaz de produzir coisas tão surpreendentes.

É isso aí!

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