José Luiz
MIGRANTES
Ele veio de muito longe. Atravessou muitos estados para chegar até aqui. Quer ajeitar-se primeiro para depois trazer a família. Traz na bagagem o sonho de uma vida melhor e a coragem para o trabalho. Admira-me ver o arrojo dos migrantes que arduamente constroem sua vida em outros rincões que não a sua terra de origem. Observo tantos de nós, descendentes de migrantes, contribuindo com a cidade, investindo idéias e sonhos, com suor, lágrimas e uma quase devoção. Cá estamos porque um dia alguém ousou rodar milhas e milhas, apinhado num pau de arara, suportando poeira e solavancos, tendo como conforto a vista das estrelas e o choro dos pequenos.
Cruzamos todos os dias com ônibus indo para o campo, lotados de rostos queimados pelo sol, de uma gente que busca, na esperança, o cordão que alimenta o desejo de vencer. São trabalhadores que trazem uma vontade imensa de poderem dar melhores oportunidades a si e aos seus. Muitos são oriundos de terras distantes. Ao final da tarde, chegam cansados de uma lida dura e implacável, mas com o coração cheio das melhores expectativas. Nossa lembrança fértil e caridosa deve guardar as melhores notas sobre esses homens e mulheres que, de tão longe, vêm trazer força de trabalho, perseverança e potencialidades. O Brasil é de todos os brasileiros. Se somos Brasil, abracemos, sem ressalvas, aquele que escolhe nossa cidade para viver. Essa escolha é como se estivessem tecendo os maiores elogios a cada um de nós. Somos gente acolhedora e solidária. Não creio ser diferente nossa atitude. “Eu era migrante e você me acolheu.” (Mt 25,35)
É isso aí!
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