José Luiz

16:35 José Luiz 1 Comments

Desfilando

Finda o carnaval. Ano que começa tarde. Corre a lenda que o ano só começa de forma efetiva após a festa de Momo. Como toda lenda, há aqueles que insistem em acreditar, mesmo sabendo que é pura fantasia, descartando a intenção do trocadilho. Já pensou se as pessoas ficassem, de fato, esperando o desfile acabar para começar a tomar rumo na vida? É claro que desde o primeiro dia do ano as coisas já estão se desenrolando. As crianças voltaram para as aulas desde o início de fevereiro; os bancos estão em plena atividade desde janeiro; os trabalhadores, de maneira geral, não deixaram de realizar suas atividades esperando a serpentina, muito menos os confetes esgotarem. O desfile, na verdade, nunca termina. Na passarela da história, os passistas estão sempre em caminhada, uns dançando mais, outros menos.

Os festejos carnavalescos servem para refrigerar o espírito do brasileiro, ainda mais neste ano em que as águas jorraram generosas dos céus. Foi um verdadeiro “carnachuva”. Os que apreciam o samba, as marchinhas, o axé, arranjaram um jeito de se esbaldarem. Foram para a avenida, para os ranchos, para a frente da televisão. Choveu em uma semana, mais de 500 milímetros. É água para banhar a terra - arriscamos num chute pretensioso - por uns três meses. Que os santos protetores das enchentes livrem-nos do perigo!

Que possamos realizar mais, com vontade de fazer a diferença. Como um rio que passa pela vida, desaguemos no mar da tranquilidade, inspirados pelo frescor de um samba enredo, na beleza barroca dos desfiles das escolas de samba. Levemos a alegria reconfortante dos foliões mais animados pelos muitos dias que ainda restam ao ano.

É isso aí!

1 comentários:

Meloso disse...

Eu não gosto muito de comentar suas crônicas altamente reflexivas porque fica parecendo bajulação de minha parte. Mas já que não me dá motivo para não lisonjeá-lo e inspirar-me em seus método quase poético de escrever, eu aqui lhe dedico linhas.

Parabéns pelo texto, ainda mais por conseguir falar sobre temas tão atuais de forma tão verossímil, contagiante e empreendedora.
Que consigamos sim desaguar no mar da tranquilidade, inspirado pelo frescor de todos os sambas enredos que nos é dado no viver de cada momento.
Abraços