José Luiz
DEVANEIOS
Quem já não fez uma viagem lunática, meio surreal, destas que só acontecem na mente de gente que deixa o sonho navegar sem fazer idéia de onde se encontra o porto? Por mais loucas que pareçam certas divagações mentais, elas servem bem para refrigerar o espírito, pois trazem o arejamento da utopia, o frescor de uma quimera. Vivemos muito presos a uma realidade fria e sem possibilidades, sem dar vazão aos nossos íntimos desejos de ir além. Que nossos pés permaneçam sólidos sobre o solo da razão, porém que permitamos asas aos pensamentos e sonhos.
Os devaneios podem parecer coisa inútil, descompensações de um ser que caminha na ilusão. Mas, creiam, eles produzem energia benéfica que provoca o efeito de nos empurrar, abrir nossos olhos para o porvir, para o encontro com o inesperado, com o novo, com o desafio de viver o diferente.
Não julguemos os devaneios como privilégios dos loucos. Todos podem sonhar e desejar o quase inatingível. Só assim, ele – o inatingível - poderá ganhar forma e ter a mínima chance de se tornar concreto, real. O tempo (bendito tempo) se encarrega de nos embrutecer. Tira-nos a capacidade de fantasiar. Diríamos que é coisa da infância conversar, brincar com a imaginação. Tornamo-nos seres mecanizados, prestadores de serviço. Trabalhamos quase sempre por uma fonte de renda, não por uma fonte de vida e corremos o risco de sermos infelizes. Quem atua em uma fonte de vida, até de graça prestaria seus serviços indispensáveis.
Que os devaneios sejam férteis e bem elaborados. E a medida da vida feliz seja feita com a régua da preocupação devida, mas nunca exagerada, sem a constante perda de cabelos e noites mal dormidas. Inspire-se nas crianças, afinal todos temos um menino escondido no peito, doidinho para vir à tona e brincar de felicidade.
É isso aí!
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