José Luiz

11:08 José Luiz 0 Comments

Coerência

Não existe meio melhor de se educar uma criança do que pelo exemplo. Um dia uma pessoa me disse, com toda empáfia, que somos todos animais, por isso existem cavalos indomáveis e outros que aceitam o controle do homem. Da mesma forma, numa forçosa comparação, há pessoas que agem impetuosamente, desagregadoras, enquanto outras são gentis e solícitas. Eu não arriscaria tanto e não seria tão simplista a ponto de classificar o ser humano no mesmo estágio de evolução dos equinos. Com toda admiração que cabe à beleza e utilidade destes belos quadrúpedes, paira aqui uma sólida diferença. Enquanto os animais precisam ser domesticados, os homens devem ser educados.

Ao ser humano cabe mais o exemplo reto de comportamento e caráter digno, que mil palavras acompanhadas de uma postura incompatível com o discurso. Nada adianta ficar enchendo seus filhos de mil conselhos, dizendo a eles para que não fumem como a mãe, não bebam como o pai, não cometam erros como os avós. Ele vai ouvir, mas certamente dará atenção ao agir, em detrimento das vãs palavras.

Menino é bicho danado. Observa tudo. Copia até o jeito de andar. Ele respeita o que se dá ao respeito, guarda na memória as coisas que consideram que valham a pena. Às vezes, a mãe diz que vive dando conselhos aos filhos, e reclama que não tem surtido efeito. Ousei perguntar a uma delas quando eram oferecidos estes sábios ensinamentos. Respondeu-me que ocorriam quando eles faziam algo de errado. Ou seja, sempre a mesma metódica melodia, em tons graves, gritos, reprimendas desproporcionais. Nesta hora, os ouvidos e o cérebro dos meninos se fecham. Educa-se de verdade na hora da paz, no almoço em família, esquecendo um pouco a TV, na oração na hora de dormir. Educa-se de fato em uma aula bem dada, numa homilia bem elaborada, num bate-papo agradável. Tudo, claro, combinado com a coerência das ações.

É isso aí!

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