José Luiz

18:16 José Luiz 0 Comments

Rótulos

Temos muita facilidade em rotular, personificar alguém por uma característica peculiar ou um traço de personalidade que nos impacta, ou nos incomoda. Veja o que acontece nos chamados “reality shows”. O público vê o cidadão por uma semana e já consegue nutrir por ele enorme simpatia ou ojeriza total, desconhecendo sua trajetória de vida, seus pontos fortes, suas fraquezas, seus tropeços e acertos, seu caráter. E dá-lhe telefonemas e acessos na internet para votar, quase sempre contra alguém, para dar maior efeito no sofisticado embate psicodramático.

A gente condena este tipo de atitude, mas quando trazemos para nossa própria vivência, repetimos os mesmos quadros. Julgamos os outros, rotulamos como nos convém, sem conhecer a fundo a vida de quem estamos falando. Se a pessoa não é muito afeita a sorrisos fáceis, é logo chamada de casmurra e rabugenta; se é expansiva e dada a abraços, é vista como pegajosa e política demais; se é tranqüila e conduz as coisas com serenidade, declaram-na morosa e passiva. Temos o terrível hábito de colocar essas características à frente de toda e qualquer prerrogativa que venha acompanhar a pessoa. Não sabemos quase nada sobre o seu trabalho, sobre sua convivência em família, sobre seu desempenho intelectual, mas mesmo assim, ainda temos a ousadia de elaborar conceitos e pré-determinar o que é a personalidade da pessoa a partir de uma imagem preconceituosa que estabelecemos.

Ainda temos muito a avançar nesta trilha humana. Muitas e emaranhadas teias de aranha teimam em impedir nosso trajeto. Clarear nossas mentes turvas, nossas vistas tomadas pela devassidão do preconceito é um caminho a ser perseguido. Ao prepararmos uma análise dos outros, seria bom se o fizéssemos primeiro conosco. Olhar para dentro de si, encontrar arestas a serem aparadas, defeitos a serem corrigidos é um belo começo para quem deseja aprimorar-se na arte de viver e conviver. Estou tentando...

É isso aí!

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