José Luiz

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Pessoas

Estava num movimentado posto de gasolina, aguardando uns minutinhos para retomar a viagem de volta. Enquanto esperava comecei a observar a movimentação das pessoas. O local também servia para translado de passageiros de ônibus. Parei num lugar estratégico. Rostos de todos os tipos e formatos. Gente alta, baixa, magra, gorda. Homens com muito cabelo, outros com muito pouco. Grávidas, crianças, idosos compunham um quadro único e muito atípico. Figuras comuns, figuras exóticas. Fiquei pensando como deveria ser a vida de cada ser que ali passava. Via aquelas pessoas por segundos apenas. Não estabeleci nenhum laço afetivo. Jamais as vi, jamais as verei novamente. Certamente, nem deu tempo de meu cérebro processar a memória para efetivar suas imagens em minha mente. Mas, aquelas pessoas me ensinaram muito naquele pouco tempo que ali permaneci. Uma teia se forma. Vivemos entrelaçados sem perceber. Cada qual tem sua história, seus dilemas, suas lágrimas, seus conflitos, suas realizações. Ninguém possui o direito de se arvorar um ser superior, dotado de uma característica qualquer que o faça melhor que outrem. Tem questões que, de tão íntimas, são exclusivas. Porém, a imensa maioria carrega dogmas universais, que todo mundo vive, cada qual de seu jeito, é claro.

Deu até vontade de conversar com algumas daquelas pessoas, descobrir um pouquinho de suas vidas. Detive-me. As pessoas andam desconfiadas demais. O que quer esse estranho? Qual o seu interesse? No entanto, fez-se um diálogo silencioso sem que sequer imaginassem o que estava confabulando com meus intrigantes botões. Dialoguei com as características, os olhares, os gestos, até mesmo com as vestimentas. Ali, todos estavam a caminho. Indo ao encontro, ou voltando de reencontros. A riqueza da vida reside justamente aí, nas idas e vindas; nas oportunidades que se reciclam; na chance de um recomeço; na consolidação de um afeto. Que a vida nos permita aprender em cada cantinho, em cada fragmento, para que o crescimento seja possível.

É isso aí!

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