José Luiz
Recomeço
Quando este jornal chegar a suas mãos estará vivendo os últimos dias das férias escolares. As aulas terão início nesta segunda e, agora sim, o ano parece definitivamente ter o seu começo. O movimento das crianças e jovens dá um adereço especial à cidade. Estávamos como árvore de natal sem enfeite. Alguns dizem que o ano só inicia de fato depois do carnaval. Para nós que militamos no ensino, a retomada das aulas é mais que um começo. É uma forma de recomeço, sempre uma expectativa nova, reencontrar velhos amigos, alunos veteranos e muito sangue novo para mostrar que a vida é feita de um movimento insuperável, de reinvenção constante. Por isso, cabe a nós buscarmos sempre por novas experiências, lançar mão de antigos rituais para tentar novos desafios, novos jeitos de produzir alguma coisa. Um amigo me disse um dia que experiente é aquele que se faz novo a cada ano, que tem coragem de tentar a mudança e não se estaciona no recôndito de sua zona de conforto, com um pavor imenso de tudo que tenha a aparência de inovador. Segundo este mesmo amigo, quem age assim e se arvora em dizer que possui dezenas de anos de experiência, na verdade tem apenas um ano de experiência: o resto é repetição.
Exorcizemos os fantasmas da inércia e pratiquemos o belo e revigorante exercício da novidade. Isso vale para todos, em todas as circunstâncias, em todo lugar. Temos muitas teias de aranha atrapalhando a remodelação de nossas vidas, impedindo-nos até mesmo de sermos mais felizes. Muitas coisas bloqueiam nossa progressão emocional, familiar, social. Uma obra de arte quando restaurada permanece tão linda quanto antes, mas nunca é a mesma. Passou por processos de limpeza, de preenchimento de lacunas, de reparos, de trocas importantes. Como verdadeiras obras primas, deixemo-nos restaurar sempre.
É isso aí!
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