IGREJINHA DO BREJÃO
Ali no Brejão, onde o asfalto se rende à estrada de terra e o silêncio só é quebrado pelo canto dos pássaros ou pelo ronco distante de um trator, ergue-se um templo simples, de paredes claras, acinzentadas, e portas abertas: a Congregação Cristã no Brasil. Não há torres imponentes, nem fachadas decoradas—apenas um templo, firme como a fé daquela gente, plantada no chão como um marco invisível no mapa, mas indelével no coração dos fiéis.
Ali, o sagrado não se esconde atrás
de vitrais coloridos ou altares dourados. Revela-se na simplicidade: nos bancos
de madeira envernizados pelo tempo, no cheiro de hinários bem manuseados, no
som do violino que ecoa nos cultos, afinado mais pela fé que pelas cordas. Os
homens chegam com roupas alinhadas, homens de camisa branca e ternos bem
cortados; mulheres de véu discreto, não por ostentação, mas por respeito, como
quem se veste para um encontro especial com o sagrado.
A vida não é fácil, mas a fé nos
ajuda a persistir. A terra exige suor, o sol castiga, as chuvas às vezes
demoram, e as contas não perdoam. Mas dentro daquela igrejinha, ninguém chega
só com as mãos vazias, trazem também lágrimas silenciosas, sorrisos gratos
pelos pequenos milagres do dia a dia, e histórias de lutas que só quem crê
entende. Quando cantam hinos, as vozes se misturam numa harmonia que não
precisa de afinação perfeita, porque vem da alma. Quando oram, não usam
palavras rebuscadas, falam com Deus como quem conversa com um Pai.
Não sermões elaborados, cheios de
erudição. São os anciãos, homens de rosto marcado pela vida e coração aquecido
pela fé, quem guiam os cultos. Suas palavras não são discursos, mas testemunhos
vividos
Na maior parte do tempo, a igrejinha
fica quieta, lugar perfeito para contemplação,
lugar bom para orar um pouco, ou apenas sentar na soleira da porta,
olhando o horizonte onde o céu e a terra se encontram. É nesses momentos que se
percebe: a Congregação do Brejão não é feita apenas de tijolos, reformada
recentemente, mas de gente que acredita que, mesmo no meio do nada, Deus
ouve.
E assim, ano após ano, a pequena
igreja resiste. Não como monumento, mas como refúgio. Não como tradição, mas
como vida. Enquanto houver um agricultor que pare ao entardecer para agradecer
pela safra, uma mãe que ensine seus filhos a dobrar os joelhos em oração, ou um
jovem que prefira o som dos hinos ao barulho do mundo, aquele lugar seguirá de
pé. Porque a fé do Brejão não se mede pelo tamanho do templo, mas pela firmeza
daqueles que, mesmo quando a vida aperta, ainda desejam convictos: "A paz
de Deus".
2 comentários:
Que lindo texto, testificando a fé de mtos que entra ano e sai ano estão lá firmes na esperança em Deus , pessoas que vai ali se refugiar dos barulhos do mundo buscando pra sim um sussurro de Deus que ecoa baixinho nos ouvidos de quem crê e sabe que, como Está na Bíblia: quem busca encontra quem bate, se abre e quem pede recebe, assim vai passando os tempos e ali está a igrejinha toda reformadinha só aguardando todos de portas abertas!!!
Obrigado. Fraterno abraço!
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