TEMPERANTES

15:49 José Luiz 2 Comments




Temperança significa ter moderação, equilíbrio e parcimônia em suas atitudes. Do latim “temperantia”, quer dizer “guardar o equilíbrio”. Temperança designa a qualidade ou virtude de quem atua comedidamente, com prudência, sem a prática de exageros. Ter temperança é ter controle sobre as paixões, é ter sobriedade em suas atitudes e decisões, é evitar os excessos em seus apetites, seus desejos e vontades. Temperança ao se alimentar, ao dosar o uso de qualquer substância, de qualquer ação. Tudo em demasia tende a entornar, a passar do ponto. O problema não é o uso de alguma coisa lícita, mas o exagero, ser vítima de uma ansiedade tal que provoca a utilização demasiada e se torna vício, algo para preencher um vazio existencial, uma lacuna. Temperança é coisa tão boa que é considerada uma das quatro virtudes cardeais: temperança, prudência, fortaleza e justiça. Virtudes cardeais, virtudes centrais, fundamentais, orientadoras da vida dos cristãos.

Temperança assim é o autocontrole, a renúncia e a moderação, domestica os instintos, sublima as paixões, modera os impulsos e apetites. Agir com temperança é abrir caminhos para a sobriedade e o desapego. Ela leva ao caminho para o cumprimento dos deveres e para a maturidade. Quem a utiliza sabe seu lugar no mundo e o ocupa com sobriedade e firmeza. Quando se faz uso da temperança, permanecemos senhores de nossas vontades, em vez de escravos. É o desfrutar livre, e que por isso mesmo desfruta melhor ainda, pois desfruta a própria liberdade. É ser livre, pois domina seus ímpetos e desejos.

Muita gente pode confundir o sujeito que lança mão da temperança como alguém omisso e passivo. Pelo contrário, é um ser pacífico. Isso não representa uma debilidade, uma fraqueza de caráter, mas, sim, uma força. Usar a temperança em tempos tão rudes é uma grande virtude, nunca uma falha de caráter. Há aqueles, talvez movidos por intenções estranhas, não conseguem compreender ou não aceitar a forma de enxergar o mundo dos que possuem a temperança como virtude. Acusam de serem quietos demais. Por não assumirem posturas radicais, são muitas vezes confundidos por aqueles que de fato não se envolvem com as causas. Ele se envolve sim, porém de uma forma peculiar, equilibrada, que privilegia o diálogo e a paz, sem perder a firmeza de suas posições. O homem e a mulher temperantes sabem o momento certo de agir, de falar, de se pronunciar. Falam quando o coração está cheio e têm convicção de que aquilo que irão falar fará bem a todos que ouvirem, inclusive os próprios. 

A verdade precisa ser nossa companheira, merece se dita o tempo todo. Porém, que a verdade seja feito um bálsamo que perfuma e nunca uma adaga, um punhal, que fere e dilacera. Por mais dura que seja, há meios, palavras certas para se dizer a verdade. Dê o tempo certo para as coisas amadurecerem, não dá para comer a fruta verde, pois ainda não está pronta para o consumo. A sofreguidão, a pressa, faz a gente perder bons momentos na vida, e não apreciar da forma devida. Precisamos de noção exata do peso de nossas palavras. Uma vez proferidas, são flechas que não voltam mais. Cuidado! Temperança com aquilo que vai dizer para outra pessoa. E os que estão mais próximos de nós, são sempre as vítimas que mais sofrem com a pressa e a acidez de nossas palavras.

O filósofo grego Aristóteles disse que a velocidade demais gera ansiedade. Já a velocidade de menos gera a depressão. Então é preciso encontrar e respeitar o ritmo que cada um tem, com equilíbrio, para que este seja o seu aliado e não o seu inimigo.  Permanecer com calma em momento atribulados é a melhor receita para encontrar solução para os problemas que inevitavelmente surgem durante a vida. A temperança, aliada à persistência, à obstinação, leva a pessoa ao êxito. Não podemos desistir fácil, entregar os pontos, desanimar sem ao menos tentar de novo. Quer ter uma vida boa? Fuja dos excessos. Tudo que é demais, passa. Já dizia os mais velhos. Hoje, no alto de nossos cabelos brancos, ouso dizer que é uma verdade cristalina, incontestável. Tudo que é demais, passa. Todo exagero morre em si próprio. A diferença entre o remédio e o veneno está na quantidade, no tantinho certo para promover a cura e não a morte.

A temperança é como uma bússola que harmoniza. Essa virtude assegura o domínio da vontade sobre os instintos e mantém os desejos dentro dos limites da honestidade. A pessoa temperante orienta para o bem seus apetites sensíveis, guarda discrição e “não se deixa levar a seguir sem cuidado as paixões do coração”. Tudo me é lícito, mas nem tudo me convém. Somos livres para fazer nossas próprias escolhas e, ainda mais livres, para assumir o peso que advém delas. Temperança, enfim, é domínio sobre si próprio, é autocontrole, é o poder que cada um carrega sobre si, é ser dono da própria história, sabendo que a vida é um grande ato de responsabilidade. O ser ético, livre, temperante nem precisa de regras, normas ou leis para viver bem. Sabe respeitar o espaço alheio e vão até o ponto que realmente podem alcançar, sem interferir negativamente na vida de ninguém.

É isso aí!

2 comentários:

Ci Louro disse...

Olá professor!
Obrigada por compartilhar este texto. Estou estudando sobre o assunto, e ele me foi muito esclarecedor.
Abs
Ci Louro

Ci Louro disse...

Obrigada por compartilhar. Seu texto é muito rico.
Abs
Ci Louro