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11:51 José Luiz 0 Comments


“Não existe homem mandado de mulher. Existe homem sem-vergonha de mulher”. Meu pai é cheio destas frases inusitadas que faz a gente carregar uma pulga atrás da orelha. 

“Gente sem estudo sofre demais na vida”, um dia me disse quando passei por uns tropeços na escola, há bem uns trinta anos.

 “Não fique tirando farinha das pessoas com problemas mentais. Se fizer assim, é ainda mais doente que a pessoa”, chamou duramente a atenção de um jovem que fazia escárnio de um menino com deficiência mental. 

“Honestidade não é motivo para achar que é melhor que os outros. É obrigação”, disse-me quando estava em um período de arrocho financeiro e fazendo de tudo para conseguir colocar as contas em dia.

 “Tem gente que fica lamentado dizendo que antigamente que era bom. Nem se compara os dias de hoje com tanto recurso com o sofrimento de antigamente”, enfatizou durante conversa, que tive o prazer de presenciar, com um contemporâneo. 

 “A maior beleza da pessoa é o nome”, disse-me ao ponderar observando a trajetória de todos nós.

Amparado por um terceiro ano primário e por toda uma vivência forjada num baú rico de dores, alegrias e conquistas, esse homem simples, por vezes rústico, chega aos oitenta anos. Ainda com planos em mente e um coração inundado pelos melhores sentimentos, ele prossegue esparramando sementes, despertando boas vontades, aprumando nossas caminhadas.

Tantas histórias de um homem que fez da família o livro mais bonito. Quando minha mãe doente, internada por um ano acometida por uma doença grave, e com cinco filhos a tiracolo, meu pai cuidou-nos como se cuida de pequenos tesouros. Contratou a madrinha Rosa, negra de sorriso solto, e o padrinho João para ajudar na lida da roça e zelar da casa com aquele tanto de menino. Meu pai, a bem da verdade, cuida de nós até hoje. Sorri com nossas pequenas vitórias; chora, literalmente, com nossas frustrações.

“Não brinque comigo por causa de meu nome. O nome de Deus deve ser respeitado!” É... Ele se chama Jesus. Um homem, cuja retidão serviu-nos de exemplo e nos impulsiona a ser cada dia um pouquinho melhor. Hoje, minhas palavras são de homenagem e gratidão. Pai, seus filhos se curvam para agradecer pelo dom da vida e por tudo o que representa para nós. Obrigado, pai! 

É isso aí!

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