Zé Luiz

19:04 José Luiz 0 Comments




HERÓI

O professor Alípio Casali, vinculado à PUC/SP, diz que “a obra de Paulo Freire, assim como a obra de todo bom herói, é um desses fenômenos de forte apelo mítico. De tão bem que ele desencantou o mundo, encantou-se, e nos fez encantarmo-nos com ele. O fundamento político dessa construção foi sua condição de patriota vitimado, que arriscou sua vida para realizar um projeto salvador: a libertação cultural e política de seus irmãos miseráveis, analfabetos, oprimidos. O que lhe custou um exílio. Ao mesmo tempo, valeu-lhe o acesso ao mundo, e ao mundo, o acesso a ele.”

Tão bonito ver pessoas que constroem fortunas sem barulho de moeda. O que deixam para a humanidade é muito maior que mansões e edifícios. Seus templos são suas histórias. Paulo Freire morreu cercado de seus familiares, amigos, deixando parcos recursos. O patrimônio maior já havia sido erguido. Dedicou a vida a propalar esperança para as pessoas que vivem na exclusão e na cegueira do analfabetismo. Ele foi um ser dotado da mais bela das paixões. Acreditava na existência da possibilidade de que um vivente em um mundo letrado consiga lutar por uma vida melhor, que veja em si minimizada a violência cultural da exclusão, da discriminação, da opressão.

A trajetória de Paulo Freire é caracterizada pela fé em uma ampla justiça social a partir da inserção do ser à sua condição plena de cidadania, trazendo-o à luz das palavras e resgatando-o da escuridão do analfabetismo. Foi um homem devotado na causa que defendeu a vida toda e alguém profundamente inspirador, tocado pelo desejo de provocar transformações na vida dos menos privilegiados. Acreditou na espera benfazeja, não na espera vã. Acreditou na espera do jardineiro, aquela que, enquanto espera, lavra a terra, cria os meios para que as flores habitem o jardim.

É isso aí!

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