Zé Luiz

09:33 José Luiz 0 Comments


XAROPE

Nada melhor que se sentir cuidado. Não há quem não queira colo, carinho, atenção. Ele tinha oito anos. Corria, brincava, até que um dia entristeceu. Ficou amoado, quieto, coisa que não combinava com ele. A tristezinha tinha razão de ser. Começou uma tosse reticente, uma falta de ar que incomodava e uma fraqueza natural dos que padecem de algum perrengue na saúde. A mãe logo o levou ao médico. Detectou uma quase pneumonia, provocada especialmente pela alergia intensa que sofria de tudo. “Esse menino precisa tratar”, disse o médico em tom impositivo.
Lá foi a mãe, junto do pai, comprar os remédios e, ainda por cima, preparar aquele xarope que a vizinha disse ser “tiro e queda” para bronquite, cujos ingredientes incluíam ovo de pata, mel e agrião. A mãe deitou o filho afetuosamente numa cama de colchão surrado, beijou a testa febril do menino, deu outro beijo no peito e disse: “esse é pra sarar”. O filho sorriu, virou-se e dormiu o melhor dos sonos, como há dias não o fazia.
No dia seguinte, já acordara com fome, querendo pular e despejando abraços apressados na mãezinha. A mãe, consciente que era, sabia que ainda não estava o garoto no seu inteiro vigor físico e pediu para que sossegasse os ânimos e voltasse para cama. Ele, meio que querendo desobedecer, deitou-se assim mesmo e tomou o café com manteiga de galinha para amenizar a tosse; depois logo veio, acompanhado de um pão amassado na frigideira, um copo de leite quentinho. Não demorou muito, estava completamente restabelecido, curado pelos medicamentos dados pontualmente, pelo milagroso xarope, mas, sobretudo, pela pomada do amor - por mais piegas que possa parecer, a mais poderosa de todas.
É isso aí!

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