“O ciúme lançou sua
flecha preta... E se viu ferido justo na garganta.” Caetano Veloso soube
representar bem o poder desse sentimento por vezes avassalador. Quase que
instintivo, assim como a raiva, a alegria, a tristeza, todos temos. Ele, o
ciúme, tem um sentido de preservação, de cuidar do que é nosso. É um sentimento
que exige coletividade. Não há cena de ciúme solitária. Sempre envolve o
portador, a “vítima” e o que o faz provocar. No mínimo três atores são
necessários nessa trama. Quando se vê ameaçado de perda ou distanciamento de
algo que nutre afeto, ocorre esse fenômeno mental. Tem quem diz não senti-lo.
Pobre ilusão. Talvez sinta menos, mas é um processo natural, inerente ao ser
humano. Ele vem da infância.
O mundo da criança se restringe aos pais. O receio da perda, ou a mera invasão
a um espaço que o infante julga ser exclusivo, provoca essas reações que podem
migrar até para a violência. Como tudo na vida, há o lado positivo e o lado
negativo. Essas reações, se controladas, fazem parte do cotidiano de todos. O
que não pode, nem deveria, ocorrer é o ciúme se tornar maior que o dono,
fazendo-o escravo, vassalo, sofredor em demasia. Sofre mais - muito mais - quem
sente. Quando perdermos o domínio e a razão vira paranoia, uma quase psicose, impulsiona-nos
a cometer por vezes atrocidades, cujas consequências podem ser catastróficas.Nessa paranoia,
busca-se razão para as sandices e, mesmo não as encontrando, justifica-as
conforme o cérebro perturbado vai condicionando. Assim, procura evidências que
venham comprovar uma suposta traição, exercendo pressão tão contundente que
chega invadir a privacidade alheia, afligindo, minando a liberdade. Para o
ciumento, o limiar entre imaginação, fantasia, crença e certeza se torna vago e
confuso; as suspeitas podem se transformar em fatos conclusos, sem nunca ter
tirado a prova. Procura-se, então, razão para as desconfianças.O ciumento contumaz,
na verdade, é um inseguro. Alguém que necessita de amparo profissional, de uma
terapia, de um apoio psicológico. As consequências metabólicas e
psicossomáticas podem ser terríveis, provocando distúrbios, inclusive, físicos.
É preciso perceber-se, descobrir-se nesse processo. Se algo foge ao controle e
provoca dor para ambas as partes, é tempo de pedir ajuda, de abrigar-se no colo
de quem pode nos amparar. É isso aí!
Professor, José Luiz de Paula e Silva é palestrante, consultor e escritor. É autor do volume de crônicas "E o tempo sorria", lançado em 2015, "Travessia", lançado em setembro de 2019 e Educação e Meio Ambiente, lançado em 2020 em parceria com outros professores universitários. Lançou o livro "Imagem Letrada" ao lado de outros poetas-fotógrafos. Em setembro de 2022, lançou a coleção de poemas "Tempo Passarinho". Foi docente na FAF-Faculdade de Frutal por 15 anos nos cursos de Administração, Serviço Social e Pedagogia, atua ainda como Conselheiro Fiscal do Sicoob Frutal. Colunista de jornais impressos e sites de notícias. Apresenta o quadro "Travessia" e o programa "Na ponta da língua" na 102 FM de Frutal (MG). Atuou como secretário municipal de educação da cidade de Frutal (MG) no período de 2005 a 2016 e como diretor de escola municipal e escola estadual. Professor José Luiz é especialista em Psicanálise e Educação, em Gestão Educacional pela UFMG e em Educação Pública pela UFU. Formado também em Pedagogia, Professor José Luiz é membro da Academia Frutalense de Letras e mestrando em Educação pelo programa governamental Trilhas de Futuro.
Para entrar em contato, escreva para professorjoseluizdepaula@gmail.com ou ligue para (34) 99974-3447
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