Zé Luiz

15:28 José Luiz 0 Comments


CIÚME

“O ciúme lançou sua flecha preta... E se viu ferido justo na garganta.” Caetano Veloso soube representar bem o poder desse sentimento por vezes avassalador. Quase que instintivo, assim como a raiva, a alegria, a tristeza, todos temos. Ele, o ciúme, tem um sentido de preservação, de cuidar do que é nosso. É um sentimento que exige coletividade. Não há cena de ciúme solitária. Sempre envolve o portador, a “vítima” e o que o faz provocar. No mínimo três atores são necessários nessa trama. Quando se vê ameaçado de perda ou distanciamento de algo que nutre afeto, ocorre esse fenômeno mental. Tem quem diz não senti-lo. Pobre ilusão. Talvez sinta menos, mas é um processo natural, inerente ao ser humano. Ele vem da infância. O mundo da criança se restringe aos pais. O receio da perda, ou a mera invasão a um espaço que o infante julga ser exclusivo, provoca essas reações que podem migrar até para a violência. Como tudo na vida, há o lado positivo e o lado negativo. Essas reações, se controladas, fazem parte do cotidiano de todos. O que não pode, nem deveria, ocorrer é o ciúme se tornar maior que o dono, fazendo-o escravo, vassalo, sofredor em demasia. Sofre mais - muito mais - quem sente. Quando perdermos o domínio e a razão vira paranoia, uma quase psicose, impulsiona-nos a cometer por vezes atrocidades, cujas consequências podem ser catastróficas.Nessa paranoia, busca-se razão para as sandices e, mesmo não as encontrando, justifica-as conforme o cérebro perturbado vai condicionando. Assim, procura evidências que venham comprovar uma suposta traição, exercendo pressão tão contundente que chega invadir a privacidade alheia, afligindo, minando a liberdade. Para o ciumento, o limiar entre imaginação, fantasia, crença e certeza se torna vago e confuso; as suspeitas podem se transformar em fatos conclusos, sem nunca ter tirado a prova. Procura-se, então, razão para as desconfianças.O ciumento contumaz, na verdade, é um inseguro. Alguém que necessita de amparo profissional, de uma terapia, de um apoio psicológico. As consequências metabólicas e psicossomáticas podem ser terríveis, provocando distúrbios, inclusive, físicos. É preciso perceber-se, descobrir-se nesse processo. Se algo foge ao controle e provoca dor para ambas as partes, é tempo de pedir ajuda, de abrigar-se no colo de quem pode nos amparar. 
É isso aí!

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