Zé Luiz

11:37 José Luiz 0 Comments



ROMANTICAR


Vivemos em uma era que o romantismo perde espaço para a sofreguidão, para a pressa e o desejo de ver as intenções realizadas em prazos mínimos. Queremos as coisas para ontem, considera-se perda de tempo dedicar um pouco mais de atenção e tentar burilar com mais cuidado as relações. Não falo nem nessa questão de abrir portas ou outros costumes que sempre estigmatizaram o romantismo. Não faço apologia ao machismo, menos ainda à condição de submissão feminina. Falo da possibilidade do elogio, da cumplicidade, da troca de olhares furtivos em meio às turbulências.

Os românticos são tolos, diriam alguns. Choram fácil, riem fácil. Um dos poetas da nova geração da MPB canta que o romântico é uma espécie em extinção. Talvez movido pela sensibilidade peculiar aos artistas, Vander Lee tenha concluído que, a partir das observações cotidianas, há uma escassez de gentileza, uma precariedade na troca de afagos, tudo feito na base do afogadilho, sustentado no desespero cada vez mais contrário à esperança.

Costumamos ser fartos na crítica, na acidez de comentários doídos, e parcimoniosos nas palavras que erguem, que fazem cócegas na alma. Seria bom se deixar guiar pelos compassos ritmados - nem sempre - do coração, pela sintonia doce do afeto sincero num olhar de bicho de pelúcia, destes brilhantes que fixam no rumo da gente, dedicando quase uma admiração filial.

Romanticar é o verbo. Um neologismo proposital, não roseano, mas carregado dos significados amplos de um viver repleto de intenções saborosas, posto que vem encharcado de sentimentos compreendidos pelos românticos, quase sempre só pelos românticos que vivem em constante estado de poesia. 
É isso aí!

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