José Luiz
Sempre Orientar
As pessoas veem-se
imbatíveis aos dezoito, perfeitas aos trinta e, quando se dão conta, chegam aos
setenta percebendo-se incompletas, com tanta coisa ainda por aprender e por
fazer. Ninguém é um produto industrializado, que chega pronto e acabado, assim
como uma geladeira ou um fogão. Ser humano vai se formando com o tempo, vai se
aprimorando na caminhada. As pessoas passam uma vida toda na luta, na busca
pela felicidade, ávidas por alcançá-la no topo da montanha, e não conseguem
perceber que a grande alegria está instalada na própria trilha, na forma de
caminhar, nas quedas e tropeços, na paisagem, na aragem e no descanso.
As pessoas acusam a
juventude de ser alienada e sem interesse, que não sabe dar valor às conquistas
dos pais. Ser humano não é eletrodoméstico. Se o menino pensa que a água brota
da torneira e que o dinheiro surge magicamente na boca do caixa eletrônico; se
a jovem acha que já sabe cozinhar porque prepara um bom miojo, desculpe-me a
franqueza, mas o problema não está na “inocência” desta geração. Uma geração
não se forma sozinha. Ela sempre se mobiliza, finca seus dogmas, em função da
anterior. Não se sobe uma escada sem passar pelo degrau debaixo.
É dever dos pais
orientar os filhos. Orientar é indicar o oriente, dar o norte, apontar a
direção. Nosso grande problema é que não queremos que eles sofram, e assim
resolvemos sofrer por eles. É claro que eles não precisam cometer os mesmos
erros que cometemos, seria falta de inteligência, mas os tombos, esses não
podemos tomar por eles. Esta é uma exclusividade de nossos meninos e meninas. Têm
pais bem maduros que nunca foram à praia, mas fazem todo o sacrifício para
bancar uma viagem do filho à Disney. Um fim de semana no sítio de um conhecido,
um banho familiar de cachoeira, um piquenique embaixo de um pé de sucupira
produz efeito muito mais positivo. Dá mais liga, reforça os laços, aproxima os
pares. O amor nunca deve
sufocar, por maior que seja. O amor, fogo que arde sem se ver, precisa ser
libertário e libertador.
É isso aí!
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