José Luiz
REGINALDO
“...além de
minha deficiência visual, percebia que as pessoas preferiam não me enxergar.
Assim, por conta desta invisibilidade, encontrava-me imerso na escuridão dos
relacionamentos, completamente à margem...”.
Essas palavras de um jovem que acaba
de concluir sua graduação, expostas em um trabalho monográfico, ilustra bem os
percalços enfrentados por uma pessoa com deficiência numa sociedade que
encontra dificuldades no enfrentamento com o diferente. Esse menino é um
guerreiro silencioso. Flutua pelas ruas da cidade, pelas salas de aula, pelas
rodas sociais, com uma desenvoltura que surpreende. Foi um orgulho tê-lo como
aluno. O desafio de lidar com um jovem desprovido da visão, mas dotado de um
aguçado modo de enxergar o mundo e uma percepção apurada de seu papel exemplar,
foi ao mesmo tempo instigante e revelador.
Chega a ser comovente falar de sua
trajetória, de suas palavras cortantes, de seu desejo pulsante de ser autônomo,
independente. Aqui, fico lembrando de todos os professores que não tiveram
medo, e até daqueles que tiveram, mas o superaram, buscando meios internos e
externos para colaborar com a formação desse menino. Aplaudo as instituições e
profissionais que estiveram ao seu lado, à família que o ama sem distinção, aos
amigos que sabem seu valor. Mais que vencedor, Reginaldo segue, com seu olhar
meio de lado, caminhando e esparramando lições. Formou-se professor. Já o era,
mesmo sem saber, mesmo que sem querer.
É isso aí!
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