José Luiz

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LIRISMO DOS LOUCOS

Todo mundo fica fazendo contas, pensando em quantos anos ainda tem para viver. Muitos projetos estão à espreita para serem levados a efeito até que a “indesejável das gentes” chegue, como sempre sem agendar a hora. Na verdade, todo o tempo do mundo será pouco diante de tudo o que planejamos para nossas vidas. Por mais que achemos dura nossa existência, ainda assim preferimos os espinhos da vida que as flores da morte. É sempre tempo de refazer os planos, adequar a caminhada, ajeitar os relacionamentos, viver novas experiências. Gosto dos que gostam de mergulhar em situações inusitadas, correndo riscos calculados, enfrentando os desafios, afastando o medo do novo, encarando de frente a quebra da zona de conforto.

Como diria Seixas, é preferível ser uma metamorfose ambulante do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo e viver com a boca escancarada, cheia de dentes, esperando a morte chegar. Acostumamo-nos a tudo. Em consequência do hábito, acomodamo-nos. Depositamos nossos corpos e almas em fofos colchões da inércia, que se amoldam e nos paralisam. Aí, a vida passa incólume e insossa, sem aromas nem cenários diferentes.

Parafraseando livremente Bandeira, prefiro antes o lirismo dos loucos que se encharcam no gozo da aventura, sem medo do porvir, nem do que já foi; dos que não se escondem do passado ou do que há de vir. Vivamos, então, com a intensidade que merecemos, posto que o barco está a caminho, as ondas perseveram e não podemos nos perder na perda, sem nos inquietar, nem jogar fora as oportunidades que o mar nos entrega.

É isso aí!

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