José Luiz
É palpável a nostalgia que se instala em ambientes como uma estação rodoviária. É um misto de sensações e uma mescla singular de sentimentos. Ao pisar o solo da rodoviária, para deixar um ente querido que parte em viagem, inicia-se um processo de saudosismo ímpar. Vêm à tona as lembranças, os queixumes da saudade, a agonia da distância. Você fica querendo agarrar com os olhos e a força de um coração angustiado, os pneus de uma máquina grande, que teima em querer ir embora. Ao mesmo tempo, em que observamos os olhos lacrimejados de quem assiste a partida de alguém, deparamo-nos com a alegria incontida dos que recebem aqueles que vêm de longe. Os abraços da chegada, a saudade dissipada, o despejar de emoções fortes que só se esvairão quando a hora da despedida também chegar, o que invariavelmente sempre acontece.
A vida é mesmo assim: a cada conquista, uma perda. Para seguir adiante é preciso deixar algo para trás. Até quando crianças somos impelidos à aprendizagem de que, na escola, aprovados para a série seguinte, temos de aprender a conversar com a tristeza. Já não teremos mais a professorinha amada. O abandono é parte da existência. Vivemos perdendo alguma coisa para que se possa instaurar nossa progressão. E nesta mistura de emoções tão díspares, de contentamento e aflição, vai se formando a personalidade da pessoa. É admirável a condição humana de poder conceber, gestando dentro de si, que nem sempre as condições são favoráveis para a vitória e que, de repente, aprende-se mais com a queda que com o caminho linear, sem rupturas. Nas estações em que vivemos a frequentar, uns vão, outros chegam e vamos avolumando nossas relações, ensinando e aprendendo (muito mais) com os encontros e desencontros inevitáveis.
É isso aí!
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