José Luiz
ABANDONO
A vida é feita de solavancos, adaptações e abandonos. Não adianta querer traçar uma trajetória linear e tentar seguir incólume sobre ela, que uma hora ou outra, as coisas deixam de se equilibrar e você certamente tombará para um lado, alterando o rumo ou serpenteando o caminho. Já percebeu que cada conquista nossa representa um abandono? O jovem passa no vestibular tão almejado e deixa para trás os colegas do colegial, os professores amigos, fica distante da família. O executivo consegue uma promoção na carreira e tem de mudar de cidade. O retirante, para tentar melhorar de vida, deixa tudo para trás e parte em busca de trabalho longe de casa. A moça realiza o sonho de ser modelo e tem de se afastar de tantas coisas que a deixavam feliz. Assim funciona a dinâmica da vida. Nas vitórias, impreterivelmente, ocorrem pequenas derrotas. Faz parte da consolidação do ser, da transformação da crisálida, do lapidar da pedra bruta.
O abandono nem sempre é sinônimo de sofrimento. Ele se faz necessário para que as etapas sejam alternadas, para que possamos seguir adiante. Caso contrário, permaneceremos estáticos, parados na estação do tempo, esperando a morte chegar. A mudança, na maioria das vezes, abala-nos, tirando-nos da confortável situação do repouso quase absoluto e nos leva à busca do melhor de nós. Algumas vezes, chegamos a ter medo do sucesso, porque junto com ele chegam as responsabilidades dobradas, os compromissos triplicados. Que a cada novo estágio, haja tempo para apreciar os sabores do existir, os paladares que dão sentido à doce arte de viver.
É isso aí!
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