José Luiz

13:43 José Luiz 1 Comments

ADOLESCERE

Um adolescente arranja uma arma, não se sabe onde, nem com quem, e atira em outro menino por questões banais, motivado, às vezes, por rixas e intrigas geográficas de uma cidade. Fatos assim ocorrem todos os dias, em todos os cantos do mundo. Numa idade em que os pais deveriam estar se preocupando com a entrada do filho na faculdade, com a preparação para o vestibular, terão o tempo ocupado e o dinheiro gasto nas lides dos tribunais. Adolescere é a expressão latina que originou o vocábulo adolescente e traz o sentido de crescer, tornar-se grande, brotar. Adolescente não combina com arma. Neste período, seus parceiros inseparáveis deveriam ser o livro, a bola, o computador, os amigos, o primeiro emprego, os primeiros affairs, uma taça de sorvete com açaí...

É uma pena que isto venha ocorrendo com tanta frequência entre nossos jovens, meninos recém-saídos da infância. Está virando febre vídeos na internet mostrando agressões gratuitas, numa banalização escancarada de atos impensados, explicitando uma faceta macabra da juventude desta nova e conturbada era.

O que tem fomentado tantas discórdias e violências gratuitas, que levam inclusive jovens a se eliminarem por praticamente nada? Chega um momento em que os pais devem repensar a forma com que têm efetivado a educação dos filhos. A violência não nasce do ar, do intangível; ela brota dos desajustes que a criança vivencia em seu cotidiano. A reprodução violenta ocorre motivada pela exposição constante da criança a atitudes cruéis veladas ou explicitas que ocorrem na rotina de um lar. A criança aprende tudo o que vê e tem a capacidade ímpar de potencializar aquilo que presencia. Tudo o que fazemos e falamos pode ser imitado, copiado por quem nos observa de tão perto. A nossa omissão e permissividade também podem ser consideradas culpadas neste intricado jogo familiar, que implica preparar para a vida.

Muitas crianças não têm sequer o nome do pai na certidão de nascimento. São vilipendiadas em seus direitos mais rudimentares. Atitudes amorosas podem e devem ser o antídoto a uma era de tanto desapego afetivo. O diálogo, o respeito, a valorização daquilo que pensam e realizam a criança e o adolescente é fundamental para que cresçam em sabedoria e graça, como diriam os tão propagados, e por vezes desprezados, preceitos cristãos.

É isso aí!

1 comentários:

Ft disse...

É, José! É o que desejamos, tão somente: bradar por aqueles que precisam; por alguma mudança!
Tudo que o ser humano quer é passar - ainda que sutil, ainda que não perceba - para o próximo a fórmula de seu sucesso para que também o outro o consiga.
Como não tenho filhos ou lido com adolescentes, fico aqui a ler alguma sabedoria, ou talvez algum sucesso sutil(seja em se criando filhos ou aprendendo a) perante suas palavras...
O mundo está tão banal e cego...
...espero que um dia abra os olhos... e venha ler algumas pérolas que existem por aqui.
Boa sorte; a nós e ao mundo.
Abraços!