José Luiz
Árvores
Outro dia passei numa rua tão árida, sem vida, num canto da cidade, que me levou a esta ponderação. É triste a desolação, a quentura que um ambiente destes provoca. Dois quarteirões inteiros sem árvores, sem um arbusto sequer. Nem movimento de crianças tinha naquela rua, sem um recanto fresco para se abrigar. Não tinha velhinhos na porta, observando o movimento, fazendo crochê, jogando baralho, faltava-lhes a dádiva da sombra. Disseram-me depois que naquele lugar só tem casas de aluguel. Será que não daria para alugar uma sombrinha também? Quem ali mora, pensa estar de passagem. Sem elaborar pré-julgamentos errôneos, o dono, talvez por não residir nas casas, não queira “perder” tempo em plantar as árvores.
Plantar árvores é produzir memória, é confeccionar histórias, é fazer parte da posteridade. Mesmo que por pouco tempo, que dure um contrato de locação, fincar uma mudinha é deixar lembranças boas, é cuidar com carinho da vida, emprestar para o futuro o seu labor. Uma única árvore é capaz de refrescar consideravelmente seu entorno. É um bem que se pratica.
De que serve lamentar a sujeira que a árvore deixa ou resmungar pelas folhas que tem de varrer? Folha de árvore definitivamente não pode entrar na categoria do lixo. Nem as flores que também caem, muito menos os frutos que alimentam homens e bichos. Quem tem o coração fértil saberá compreender minhas tolices. Certamente você o tem. Talvez alguém diga que de nada adianta plantar uma árvore, enquanto arrancam milhares para dar lugar às monoculturas e pastos. Faço a minha parte. Ando por aí a plantar, espalhar sementes. Espero que vinguem.
É isso aí!
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