José Luiz
Se não acudirmos a tempo, estaremos dedicando muita energia na gestação de uma geração de infelizes. Nossos jovens não se permitem nenhum tipo de frustração. Não admitem passar por dificuldades para subir os degraus da existência. Querem tudo muito mastigadinho, sem o esforço da conquista, da luta, da busca. Nós tivemos de cruzar por tantas provações e muitas vezes cometemos o grave equívoco de não querer que nossos filhos passem por nenhuma contrariedade. Elas são fundamentais no fortalecimento do ser, na construção de uma identidade vencedora. Estão acostumados a ter tudo no tempo pedido, do jeito que pretendem. Quando precisam passar por alguma situação em que é necessário preparar o caminho – isso leva um tempo e algum esforço – suspendem a voz, bronqueiam, reclamam por terem de atravessar uma via um pouco mais íngreme. As intempéries fazem parte da vida. Um dia faz sol, no outro chove. Quantas viagens deixamos de fazer, quantos sonhos deixamos para trás, quantas ilusões deixamos de vivê-las para chegar até aqui, para ter história para contar e muita história ainda para produzir.
Amparar na subida, dar conselhos apropriados, energizar sem acomodar o outro é função própria dos genitores. Sufocar o espaço, cometer injustiças por eles, tomar a frente no momento indevido, não nos cabe no papel de pais que pensam em entregar para o mundo filhos altivos e capazes. Não podemos colaborar na formação de gente que só é capaz de receber pronto, que se cansa só de pensar em correr atrás. Que nossa relação seja mutualista, numa simbiose estreita, de quem oferece, mas recebe em troca boa vontade e perseverança. Que nossos meninos, ao jogarem um celular na parede, irados por uma mínima frustração, não receba de nós exemplos de pais permissivos e fracos: que não corramos na loja mais próxima para comprar um aparelho mais moderno e mais caro. Temos a mania de falar por eles, de antecipar suas respostas, suas ações. Isto, com raras exceções, torna o filho acomodado, eterno adolescente, aquele que vive a adiar a responsabilidade do mundo adulto. Às vezes é preciso “cortar na própria carne”. Impor limites, exigir posições, cobrar melhores resultados. Que saibamos educar com severidade e amor, ensinando o valor de cada coisa, de cada pessoa que passa pela nossa vida, propiciando as devidas noções de respeito, de responsabilidade, de solidariedade.
É isso aí!
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